sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Ministério Público denuncia Tacla Durán por lavagem de dinheiro

O Ministério Público Federal apresentou nesta sexta-feira (15) nova denúncia contra Rodrigo Tacla Durán, ex-advogado da Odebrecht. Ele é acusado de ter lavado dinheiro de propina proveniente de corrupção na Petrobras. Segundo a denúncia, o ex-gerente da estatal, Simão Tuma, recebeu vantagens indevidas para viabilizar a contratação pela Petrobras do consórcio Pipe Rack, formado pelas empreiteiras propineiras Odebrecht, Mendes Júnior e UTC Engenharia, para a realização de obras no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

Também foram denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro Tuma e funcionários das empresas do consórcio. O ex-gerente foi denunciado, ainda, por organização criminosa, ao lado de Renato Rodrigues, ex-diretor da Odebrecht. Tuma teria repassado ao consórcio informações sigilosas durante a fase licitatória e atuado para que o Pipe Rack fosse classificado em primeiro lugar na licitação, fechando contrato no valor inicial de R$ 1,87 bilhões.

Em troca, teria recebido R$ 18 milhões, ou cerca de 1% do montante. Para isso, Tacla Durán teria atuado na lavagem do dinheiro por meio de seu escritório de advocacia. "Após repassados valores pelas empreiteiras a Rodrigo Tacla Durán, incumbia-lhe, mediante o pagamento e/ou a retenção de percentual do valor movimentado, possibilitar que valores em espécie fossem fornecidos aos representantes de importantes grupos empresariais (...) em território brasileiro, e/ou disponibilizar montantes em contas situadas no Exterior cujos beneficiários finais eram, em regra, agentes públicos ou políticos", afirma a denúncia.

Segundo a Procuradoria, o escritório de Durán firmava contratos fictícios com as empreiteiras contratadas pela Petrobras, possibilitando a entrega de dinheiro em espécie via "caixa 2". De acordo com a denúncia, Durán emitiu notas falsas no valor bruto de R$ 25,5 milhões.

Foram identificadas, segundo o Ministério Público, 35 operações de crédito/depósitos fracionados de Durán para Tuma, no valor total de R$ 294.200,00. Para não alertar as instituições bancárias, os valores dos depósitos ficavam, muitas vezes, abaixo de R$ 10 mil. Tacla Durán é réu em outra ação, na qual também é acusado de lavagem de dinheiro em favor de empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras.

Vivendo na Espanha, ele é considerado foragido da Justiça. O juiz Sergio Moro vem negando pedidos da defesa do chefão da organização criminosa petista e ex-presidente Lula para que Tacla Durán seja ouvido como testemunha no processo que trata da compra de terreno para o Instituto Lula por parte da Odebrecht.

Moro afirmou que, embora existam indícios de que Durán atuasse para o setor de propina da empreiteira, não há elemento que indique seu envolvimento no objeto da ação penal. Além disso, Moro desqualificou a palavra do advogado. "A palavra de pessoa envolvida, em cognição sumária, em graves crimes e desacompanhada de quaisquer provas de corroboração não é digna de crédito".

Nesta sexta-feira, a defesa de Lula pediu que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região reveja o posicionamento de Moro sobre a questão. Tacla Durán vem fazendo uma série de acusações contra o Ministério Público. Em videoconferência na CPI da JBS, o advogado disse que tem em mãos uma perícia que mostra que os sistemas internos da Odebrecht foram adulterados antes de serem entregues à Procuradoria.

Assim, alguns documentos utilizados pela Procuradoria-Geral da República na denúncia contra o presidente Michel Temer seriam falsos. Durán também acusa o advogado trabalhista Carlos Zucolotto, amigo e padrinho de casamento do juiz Sergio Moro, de intermediar negociações paralelas dele com a força-tarefa da Lava Jato.

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