domingo, 10 de dezembro de 2017

Inflação do ano deve ficar abaixo da meta


Os preços medidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em novembro subiram 0,28% e, influenciados pela deflação de alimentos, ficaram abaixo do esperado pelo mercado, divulgou o IBGE na sexta-feira (8). A expectativa era de que, ajudado por alimentos, o IPCA ficasse abaixo da alta de 0,42% registrada em outubro, mas a intensidade da desaceleração surpreendeu. Em 12 meses, a alta é de 2,8%. 

Vilões da inflação em 2016, os alimentos recuaram 0,38% em novembro, o sétimo mês consecutivo de queda. Diante desse quadro, passa a ser uma espécie de consenso entre economistas um cenário de inflação inferior a 3% em 2017 - o piso estipulado pelo Banco Central. Para tanto, basta que a variação de dezembro não exceda 0,48%, o que é considerado bastante provável. 

Antes mesmo do número de novembro ser conhecido, as projeções para o IPCA de dezembro já estavam abaixo disso (+0,42%) e a expectativa é que caiam ainda mais. O curioso é que, a se confirmar a variação de preços inferior a 3%, o Banco Central vai ter que se explicar. Hoje, a meta de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo. 

As regras prevêem, no entanto, que o presidente da instituição escreva uma carta sempre que a inflação ficar acima do teto ou abaixo do piso estabelecido. No período pós Plano Real, a inflação já ficou acima do teto algumas vezes. A última foi em 2015, quando subiu 10,67%. Abaixo do piso, porém, será a primeira vez. O mais próximo que se chegou disso foi em 2006, quando a inflação subiu apenas 3,14%. Naquele ano, a meta também era de 4,5%, mas o intervalo de tolerância era maior: de dois pontos para cima ou para baixo. 

Diante da inflação menor do que o previsto em novembro, consultorias e bancos voltaram a revisar suas projeções para baixo. O Itaú Unibanco e a consultoria Rosenberg agora esperam alta de 2,8% para a inflação em 2017 e o Votorantim, de 2,85%. Fábio Romão, economista da LCA Consultores, lembra que os alimentos costumam pesar com mais força no bolso do consumidor no fim do ano, mas esse roteiro dessa vez não se confirmou. 

A previsão da LCA é de uma alta de 0,34% para alimentos em dezembro, o que deve levar o IPCA cheio a fechar 2017 em alta de 2,8%. Romão avalia ainda que essa trajetória mais benigna pode reforçar a intenção do Banco Central de levar a taxa Selic abaixo de 7% no primeiro trimestre do próximo ano. "Teremos um derradeiro corte da Selic em fevereiro, com a taxa indo a 6,75% ao ano". Ele espera que o juro básico da economia siga neste nível pelo menos até o final de 2018. 

Após a divulgação do IPCA de novembro, a consultoria Tendências revisou o número de 2017 de 3% para 2,82%, diz o economista Márcio Milan. Além de alimentos, a tarifa de eletricidade deve ter deflação em dezembro, dada a redução da bandeira tarifária para vermelha patamar 1. Milan avalia, porém, que dados mais favoráveis de inflação não têm força para alterar decisões do Banco Central, mais ligadas ao cenário de reformas. A sua previsão de um corte adicional de 0,25 ponto na Selic em fevereiro, diz ele, está ancorada na expectativa de aprovação da reforma da Previdência.

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