quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Concessionária do aeroporto de Viracopos enfrenta grandes dificuldades


O ano de 2017 foi marcado por turbulências no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). Enquanto o terminal é bem avaliado por usuários, a concessão que teve início em 2012 passa por percalços. Alegando dificuldades financeiras e diminuição nas receitas com a queda no número de passageiros, a Aeroportos Brasil Viracopos decidiu "devolver" o aeroporto ao governo, e aguarda a publicação de um decreto para regulamentar a lei da relicitação. 

A concessão foi atingida pela crise econômica e pela Operação Lava Jato, na qual suas empresas integrantes estão envolvidas. Marcelo Mora, representante da Aeroportos Brasil Viracopos, onde atua como diretor de operações, destaca o empenho da empresa em seguir à frente da concessão, desde que ocorram ajustes na outorga.


Diz Marcelo Mota, sobre o pedido de revisão dos termos da concessão ou sua devolução: "Existiram diversos fatores para essa decisão. O primeiro, de fato, foi a dificuldade financeira das empresas. O segundo motivo foi o desequilíbrio de demanda projetada e a realidade. Estudos do governo na época da concessão mostraram uma taxa de crescimento altíssimo, uma projeção de 80 até 120 milhões de passageiros por ano ao final da concessão (o prazo do contrato é de 30 anos), e o que aconteceu foi muito menos disso. Lógico que existe o risco que deve ser assumido pelo concessionário, mas não poderia ter uma divergência tão grande. Extrapolou a presunção de risco". 

Ele continua: "Era para Viracopos ter por volta de 20 milhões de passageiros em 2017. Devemos fechar com 9,6 milhões, um pouco maior que o ano passado. Em 2016, que foi o ano mais crítico, perdemos mais de 1 milhão de passageiros no ano. Tínhamos ultrapassado a barreira dos 10 milhões e recuamos para 9,3 milhões. Não foi um cenário exclusivo nosso. Guarulhos perdeu 2,5 milhões em um ano. A crise pegou pesado, mas a divergência no plano de negócio foi o que principalmente afetou".

Trata-se de uma operação complexa, gigantesca. Viracopos é um dos maiores aeroportos de carga, com mais de 300 vôos diários. Vai além o executivo: "Estamos em conversas com o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), com a Anac, Casa Civil, BNDES... Estamos aguardando de fato a publicação do decreto e, a partir daí, as conversas podem evoluir. Os acionistas estão discutindo com potenciais investidores, mas não adianta aprofundar a negociação enquanto não houver uma definição. A manobra (pedido de relicitação) é um mecanismo para iniciar essas negociações com o governo e também de proteção. E pode ter múltiplos resultados. Pode haver uma renegociação e a concessão continuaria, ou encerra-se a concessão". 

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