domingo, 19 de novembro de 2017

Testemunha do caso Fifa disse na Corte Federal do Brooklyn que a Rede Globo pagou propina por direitos de TV


O Grupo Globo foi citado por Alejandro Burzaco, ex-homem forte da companhia de marketing argentina Torneos y Competencias SA, como uma de seis empresas que pagaram propina para ganhar a concorrência dos direitos de transmissão de torneios internacionais. Em um dos depoimentos mais aguardados do julgamento do escândalo de corrupção da Fifa, em Nova York, o Fifagate, na Cortes Distrital Federal do Brooklyn, em Nova York, Buzarco disse que grupos de mídia, entre eles a Rede Globo e a brasileira Traffic, sua associada (inclusiva em emissoras de televisão no Interior de São Paulo) além da Televisa, do México, a americana Fox e a argentina Full Play fizeram pagamentos irregulares para obter vantagens. Ele foi ouvido como uma das testemunhas da acusação no julgamento de José Maria Marin, ex-presidente da CBF acusado de extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro durante negociações de contratos com a Fifa.

A Rede Globo afirmou "veementemente" que "não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina". Buzarco também é réu na investigação conduzida pela Justiça americana. Ex-diretor da Torneos y Competencias, empresa de marketing esportivo com sede em Buenos Aires, ele fechou um acordo de delação premiada com os promotores do caso e ainda aguarda a sua sentença. O empresário está em prisão domiciliar em Nova York desde que foi detido, há dois anos. Ele disse também que manteve a Fox Panamericans informada sobre o pagamento de propina -o grupo americano foi o único sobre o qual deu mais detalhes, alegando que sabiam de todos os passos do processo. Ele se referia então a contratos de transmissão da Copa Libertadores.

O empresário citou ainda o grupo Clarín, mas disse que este foi o único que não chegou a pagar propinas à Fifa. No tribunal do Brooklyn, diante dos jurados, Buzarco apontou para Marin, além de dois outros réus na corte, o paraguaio Juan Ángel Napout e o peruano Manuel Burga, afirmando que havia entregado dinheiro ilícito aos três. Marin, Burga e Napout são os únicos de quase 40 indiciados no caso que se declaram inocentes das acusações. 

O depoimento de Buzarco, portanto, é uma das principais armas da acusação no julgamento que acusa dirigentes do futebol mundial de receber até R$ 500 milhões em pagamentos ilícitos em paralelo a negociações de contratos com a Fifa ao longo das últimas duas décadas. 


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