domingo, 19 de novembro de 2017

Job Ribeiro Brandão, ex-assessor, diz que destruiu documentos a pedido da família Geddel


O ex-assessor do deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), Job Ribeiro Brandão, disse em depoimento à Polícia Federal que destruiu documentos a pedido dos peemedebistas. Job prestou depoimento no dia 14 de novembro. O ex-assessor disse que o pedido lhe foi feito enquanto Geddel, que foi ministro da articulação política do governo Michel Temer, cumpria prisão domiciliar, entre julho e setembro.

Geddel está preso na Papuda, em Brasília, desde setembro. Segundo Job disse à Polícia Federal, Geddel, Lúcio e Marluce, mãe dos peemedebistas, pediram para ele auxiliar na "destruição de anotações, agendas e documentos", tarefa que teria contado com apoio de uma secretária e da mulher do deputado. Ainda no depoimento, o ex-assessor afirmou que os documentos destruídos foram "colocados em sacos de lixo e descartados, e que alguns foram picotados e colocados na descarga do vaso sanitário". Ele disse que trabalhou com a família Vieira Lima por 28 anos e, apesar de exercer o cargo de assessor parlamentar, fazia serviços pessoais para os políticos – como pagar contas, ir ao supermercado, cuidar de fazendas e da saúde do pai de Geddel e Lúcio.

Job afirmou que devolvia parte do seu salário para a família. Ele disse que "a família possuía muito dinheiro guardado no apartamento de Marluce Vieira Lima (...) e que o dinheiro costumava ficar acondicionado em caixas e malas que ficavam no closet do quarto de dona Marluce". Segundo ele, Marluce "tinha ciência do dinheiro guardado e também pedia que o declarante separasse dinheiro a pedido de Geddel e Lúcio".

As contagens de dinheiro no apartamento da mãe do ex-ministro normalmente chegavam a valores de até R$ 500 mil, segundo o depoimento. A defesa de Job informou ao Supremo Tribunal Federal que ele tem a intenção de colaborar com as investigações. Job foi um dos alvos da Polícia Federal em outubro, quando trabalhava como assessor de Lúcio. A suspeita da Polícia Federal é de que ele atue como "laranja" do deputado federal. A Polícia Federal identificou fragmentos de digitais de Job no "bunker" em que foram encontrados R$ 51 milhões – a suspeita é que o dinheiro pertença a Geddel.


Na sexta-feira (17), a defesa de Job enviou ao ministro Edson Fachin um pedido para revogar sua prisão domiciliar e para retirar a tornozeleira eletrônica. Felipe Dalleprane, advogado de Job, declarou que "tem uma especial preocupação com a segurança" de seu cliente e que "tem por objetivo demonstrar que sua condição de vida é totalmente incompatível com a renda de um secretário parlamentar, que é vítima da situação" e que, além da liberdade, pretende buscar judicialmente o ressarcimento dos valores de seu salário que teriam sido repassados à família Vieira Lima". A defesa da família Vieira Lima afirmou que irá se pronunciar somente após ter acesso ao depoimento.

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