sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Filho de desembargadora presidente de tribunal no Mato Grosso do Sul vai preso de novo por tráfico de drogas e armas



A Polícia Federal prendeu mais uma vez o empresário Breno Fernando Solon Borges, de 37 anos, filho da presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul, a desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges. Breno Borges foi detido na quarta-feira (22), em uma clínica médica em Atibaia (60 km de SP), e foi levado para o presídio de Três Lagoas, cidade sul-mato-grossense de onde partiu o pedido de prisão preventiva expedido pela Justiça. 

Segundo a Polícia Federal, a segunda prisão do filho da magistrada faz parte de novos desdobramentos de uma investigação que identificou a participação dele em uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas e armas e que também planejava a fuga de um detento. Breno Fernando Solon Borges foi preso por tráfico de drogas no dia 8 de abril. Em julho, foi beneficiado com três decisões do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, e transferido da cadeia para se submeter a um "tratamento contra o transtorno de borderline", caracterizado por instabilidade emocional e impulsividade, na clínica de Atibaia, onde estava desde o dia 25 de julho. 

O Conselho Nacional de Justiça abriu um procedimento para investigar se houve algum ato indevido na decisão que permitiu a saída dele da prisão para a clínica médica. O ministro corregedor do CNJ, José Otávio Noronha, encaminhou ofício ao Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul pedindo informações acerca do habeas corpus concedido em prol do empresário durante a madrugada, no plantão do desembargador José Ale Ahmad Neto. 

Caso o CNJ avalie que houve alguma irregularidade, o desembargador Ahmad Neto pode ser penalizado com advertência e até com aposentadoria compulsória. O presidente da OAB no Mato Grosso do Sul, Mansour Karmouche, diz que está acompanhando o caso e aguarda decisão do CNJ. 

Antes mesmo de ser preso e denunciado pelo tráfico de 129,9 quilos de maconha, o filho da desembargadora já era alvo de investigação policial. Segundo a Polícia Federal, ele ajudaria na "fuga cinematográfica" de um detento do presídio de Três Lagoas. O plano foi descoberto pela Polícia Federal a partir da apreensão de celular que estava com o presidiário Tiago Vinícius Vieira, no dia 28 de março deste ano. Por meio de autorização judicial, no dia 7 de abril, a polícia teve acesso, identificando os integrantes da organização criminosa comandada pelo preso, entre eles, o filho da desembargadora, que seria responsável pelo transporte de drogas e armas. 

Um dia depois, Breno Fernando Solon Borges foi preso em Água Clara (a 192 km de Campo Grande), quando transportava a maconha e 270 munições para armas de calibre 7,62 mm e 9 mm. O relatório da Polícia Federal, relacionado à Operação Cerberus, detalha conversas entre o líder do grupo, Borges e outras duas pessoas que dariam apoio na ação. A primeira tentativa de fuga ocorreu em 27 de março. Um dia antes, pelo aplicativo de mensagem de texto Whatsapp, eles acertavam os detalhes da ação. O empresário garantiu participação no plano: "Amanhã é certeza mano", disse em conversa interceptada pela Polícia Federal. No dia combinado, conforme relatório da polícia, Borges e Dario Aparecido Cunha de Almeida, apontado como cúmplice, aguardavam a saída de Tiago Vieira com outro preso, citado apenas como "fuzil". 


O líder do bando desistiu e adiou a fuga para o outro dia após a segurança do presídio ter sido reforçada devido a chegada de novos detentos. Apesar do plano ser cancelado, Borges seguiu conversando com o preso. Ele pediu para que Vieira "vender a uzi". Na sequência, o preso perguntou ao filho da desembargadora se ele poderia dormir em Três Lagoas, mas, por áudio, ele disse que não. "Dormir eu não posso. A minha filha tá em casa, ehh, eu tinha que ter alguma desculpa para minha mãe, entendeu? Se eu dormir aqui, vai dá desconfiança pra minha mãe...se for o caso eu venho amanhã, bicho". Depois disso, Borges voltou para Campo Grande.

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