domingo, 5 de novembro de 2017

FBI investiga rede de contatos do uzbeque islâmico acusado de atentado em Nova York


Enquanto o nome de Sayfullo Saipov, o homem que atropelou e matou oito pessoas em Manhattan, saía do anonimato para engrossar um rol de terroristas, o FBI anunciou que buscava mais uma pessoa ligada ao primeiro atentado letal em Nova York desde o 11 de Setembro. O segundo procurado, Mukhammadzoir Kadirov, nasceu no Uzbequistão como Saipov, que veio da Ásia Central há sete anos como imigrante legal aos Estados Unidos. 

A polícia, no entanto, não deu detalhes sobre por que decidiu investigar também Kadirov. Na manhã seguinte ao ataque de 31 de outubro, dia em que americanos celebram o Halloween, autoridades deram detalhes dos atos e possíveis motivações de Saipov. Mas a revelação do nome de outro procurado desmontou a tese aventada antes de que ele estivesse agindo sozinho. "Ele fez isso em nome do Estado Islâmico. Ele seguiu à risca as instruções do EI nas redes sociais", disse John Miller, o chefe de inteligência da polícia de Nova York, sobre as estratégias de Saipov. Ele alugou uma caminhonete numa loja de utilidades domésticas em Nova Jersey, Estado vizinho a Nova York, entrou em Manhattan pelo lado oeste da ilha e invadiu uma ciclovia. Nela, dirigiu em alta velocidade por mais de um quilômetro, atropelando e matando oito pessoas no caminho, deixando um rastro de bicicletas esmagadas até bater num ônibus escolar. 

Seis de suas vítimas morreram no local do crime e duas perderam a vida no hospital --são cinco argentinos, uma belga e dois americanos. Entre os 20 feridos, uma mulher teve as pernas amputadas e quatro continuam em estado grave. Três deles tiveram alta, e os que permanecem internados sofreram lesões na coluna e no pescoço. "Entendemos esse ato como um ataque ao nosso espírito e nossos valores, mas ele falhou na tentativa de abalar nosso espírito", disse o prefeito, Bill de Blasio.

Numa entrevista coletiva, autoridades não deram detalhes do que disse Saipov, baleado na barriga por um policial. No primeiro contato com investigadores ao se recuperar de uma cirurgia, ele parecia "orgulhoso e alegre", segundo a rede de TV NBC. 

O FBI vai estudar ainda, por meio de câmeras e leitores de placas de carros, todos os movimentos de Saipov nos dias antes de seu atentado. Embora ele não estivesse sendo investigado por terrorismo, autoridades analisam suas ligações com outros possíveis radicais, entre eles outro imigrante do Uzbequistão em Nova York - o Brooklyn, onde vive a sogra de Saipov, tem um enclave uzbeque. 

Saipov também já havia sido multado no trânsito e foi detido por não comparecer a um tribunal depois de uma infração. Mesmo assim, ele passou pela checagem de segurança do aplicativo Uber, para o qual trabalhava como motorista nos últimos meses. Quando chegou aos EUA, em 2010, Saipov foi primeiro para Ohio, onde trabalhou como caminhoneiro. Lá, ele se casou e depois se mudou para a Flórida. Neste ano, foi viver mais perto da família da mulher, em Paterson, Nova Jersey. Ele tem dois filhos. 

Nos últimos anos, pessoas próximas a Saipov, entre eles um frequentador da mesma mesquita onde ele rezava, passaram a notar suas inclinações para o radicalismo. Um caminhoneiro que chegou a trabalhar com ele disse ao jornal "The New York Times" que Saipov era uma pessoa "cheia de monstros". Na visão da polícia, uma das provas de sua ligação com o EI é o bilhete em árabe jurando lealdade à facção encontrado na caminhonete do ataque. 

Investigadores afirmam que ele aprendeu a língua e lia a propaganda do EI. A milícia, porém, não havia reivindicado o atentado. "O que aconteceu não pode ser desfeito. Mas não há nenhuma grande mensagem no que ele fez", disse Andrew Cuomo, o governador de Nova York, aludindo à coragem dos nova-iorquinos diante de um "covarde depravado".

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