sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Caixa Econômica Federal, quebrada, precisa de R$ 10 bilhões do FGTS para manter empréstimos


Sem contar com recursos da União, a Caixa Econômica Federal pediu ao Conselho Curador do FGTS R$ 10 bilhões em empréstimos sem prazo para pagar. A operação, que ainda está sob avaliação, deve ser feita por meio de Letras Financeiras que serão adquiridas pelo FGTS. O fundo receberá anualmente uma correção corresponde aos juros da Selic (hoje em 8,25%) mais 1,20%. Sem esse dinheiro, a Caixa Econômica Federal não terá como cumprir as regras regulatórias de "segurança" bancária para concessão de empréstimos.

Atualmente, para cada R$ 100,00 em empréstimos, os bancos têm de entrar com pelo menos R$ 11,00 de capital próprio. Esse índice vai ficar mais rígido a partir deste ano e do próximo, podendo a chegar, em alguns casos a R$ 13,00. O presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, chegou a pedir ao presidente Michel Temer um aumento de capital do Tesouro no banco. Mas diante da crise e das restrições orçamentárias, o presidente negou o pedido.

Por isso, o banco passou a estudar medidas alternativas. A operação com o FGTS é uma das alternativas. Mas ela só resolverá o problema de capitalização do banco até o próximo ano. Paralelamente, a Caixa Econômica Federal aposta em outra alternativa: a venda de cerca de R$ 10 bilhões da carteira de infraestrutura. O BNDES, que tem folga de recursos, seria o comprador. Mas a Caixa Econômica Federal mantém conversa com outros interessados. Pessoas que participam das conversas afirmam que as duas medidas devem ser tomadas.

Essas medidas serão tomadas no momento em que a Caixa Econômica Federal passa por uma reestruturação interna. O novo estatuto do banco definirá regras para dificultar as indicações políticas na instituição que, justamente por interferências de governo, esteve no centro das operações das "pedaladas fiscais" que levaram ao impeachment da mulher sapiens, a petista Dilma Roussef. A ingerência de partidos, que indicaram representantes para oito das 12 vice-presidências da Caixa Econômica Federal, também colocou o banco nas investigações da Lava Jato.

O conselho de administração do banco discute mudanças nas regras de governança para enquadrar a instituição na Lei das Estatais. A legislação determina que todas as empresas públicas devem se adequar às novas regras até junho do próximo ano.

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