segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Polícia Federal conclui inquérito que investiga o PMDB da Câmara dos Deputados


A Polícia Federal concluiu nesta segunda-feira o inquérito que investiga o chamado “PMDB da Câmara”, grupo de deputados e ex-deputados do partido. No relatório do inquérito 4327, remetido ao Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal afirma que os investigados, entre os quais os ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN), e o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, os três presos, cometeram o crime de organização criminosa. A conclusão da investigação deve ser um dos elementos que subsidiarão nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer (PMDB). 

Temer é apontado pelas investigações como integrante do grupo, que ainda teria participação dos ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e do ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso em Brasília desde a semana passada. A Polícia Federal encontrou 51 milhões de reais de Geddel em um apartamento em Salvador. Havia digitais do peemedebista baiano nas cédulas e uma nota fiscal emitida por uma empregada em nome de seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). 

“Integrantes da cúpula do partido, supostamente, mantinham estrutura organizacional com o objetivo de obter, direta e indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da administração pública direta e indireta”, afirma a Polícia Federal, por meio de nota. “O grupo agia através de infrações penais, tais como: corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação, evasão de divisas, entre outros crimes cujas penas máximas são superiores a quatro anos”, completa. Além de Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Lucio Bolonha Funaro, são investigados no inquérito os deputados federais André Moura (PSC-SE), líder do governo no Congresso; Aníbal Gomes (PMDB-CE), Altineu Cortes (PMDB-RJ), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), e os ex-deputados federais Manoel Júnior (PMDB-PB), Solange Almeida (PMDB-RJ) e Nelson Bournier (PMDB-RJ). 

Operador de propinas do PMDB, Lúcio Funaro fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, homologado na semana passada pelo relator da Operação Lava Jato no Supremo, ministro Edson Fachin. Em seus depoimentos à Procuradoria Geral da República, Funaro afirmou que Michel Temer não apenas sabia dos esquemas de corrupção do partido como participou deles, recebendo propinas ou intermediando dinheiro ilícito a campanhas de aliados. As revelações do doleiro também devem constar entre os elementos apresentados por Janot ao Supremo na nova acusação contra o presidente. 

Além de anexada ao inquérito 4483, que investiga Temer no Supremo, a conclusão da Polícia Federal pode basear mais uma denúncia de Janot por organização criminosa na Lava Jato. Nas duas últimas semanas o procurador-geral da República, que deixará o cargo no próximo dia 18, apresentou acusações formais ao Supremo contra políticos do PT, incluindo os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do PP e a cúpula do PMDB no Senado no esquema de corrupção da Petrobras.

Nenhum comentário: