quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Palocci diz que Lula estimulou o Petrolão após descoberta do pré-sal


Além de citar um “pacto de sangue” entre o chefão da organização criminosa petista e ex-presidente Lula e o empresário Emílio Odebrecht por um “pacote de propinas” ao petista, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, o comunista trotskista Antonio Palocci  (ex-militante da Libelu) disse ao juiz federal Sergio Moro, nesta quarta-feira, que o petista não só tinha conhecimento da corrupção na Petrobras como, a partir da descoberta do pré-sal, passou a estimular o esquema. Palocci relatou a Moro que, em 2007, antes da descoberta das reservas de petróleo e após a reeleição de Lula, o petista havia manifestado preocupação com a corrupção na Petrobras. Incomodavam o ex-presidente, particularmente, conforme o ex-ministro, irregularidades nas diretorias de Serviços, então comandada por Renato Duque, indicado pelo PT, e de Abastecimento, feudo do PP ocupado à época por Paulo Roberto Costa. 

“Ele falou que estava pensando em tomar providências, não estava gostando porque a coisa estava repercutindo de forma muito negativa. Mas logo após veio o pré-sal e o pré-sal pôs o governo em uma atitude muito frenética em relação à Petrobras. Esses assuntos de ilícitos e de diretores ficaram em terceiro plano, as coisas continuaram correndo do jeito que era”, contou Antonio Palocci. De acordo com o ex-ministro, os investimentos atraídos pela descoberta frearam a intenção do ex-presidente em agir contra o esquema. “Ele até chegou a encomendar que os diretores a partir daí fizessem mais reservas partidárias”, afirmou Palocci. 

Ao magistrado, que já condenou ele e o ex-presidente na Lava Jato, Antonio Palocci relatou a reunião na qual, pela primeira vez, Lula teria tratado abertamente da idéia de transformar projetos de exploração do pré-sal em dinheiro para campanhas do PT. O encontro aconteceu em meados de 2010, na biblioteca do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República em Brasília, e contou com as presenças do então presidente da Petrobras, o petista José Sergio Gabrielli, da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, além de Lula e Palocci. “O presidente falou: ‘eu chamei vocês aqui porque o pré-sal é o passaporte do Brasil para o futuro, é o que vai nos dar combustível para um projeto político de longo prazo. Vai pagar as contas nacionais, será o grande financiador das contas nacionais, dos grandes projetos do Brasil e eu quero que o Gabrielli faça as sondas pensando nesse grande projeto do Brasil. O Palocci está aqui, Gabrielli, para lhe acompanhar nesses projetos para que tenha total sucesso e para que ele garanta que uma parcela financie a campanha dessa companheira aqui, a Dilma Rousseff, que eu quero ver eleita presidente do Brasil’”, afirmou o ex-ministro a Sergio Moro. 

Segundo Antonio Palocci, Gabrielli ficou “constrangido” com a encomenda de Lula e disse a ele que seria “muito difícil fazer o que o presidente tinha pedido”. Isso porque os contratos da Sete Brasil com empreiteiras brasileiras, sem tanta experiência na construção de sondas, não teriam margem para pagamentos de doações eleitorais. Por essa razão, conforme o ex-ministro, apenas empresas estrangeiras, como o estaleiro Keppel Fels, cuja expertise na área era maior, desembolsaram recursos ilícitos ao ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. 

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