quinta-feira, 14 de setembro de 2017

ONU relata abusos graves na Venezuela


O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, disse na segunda-feira (11) que o governo venezuelano pode ter cometido crimes contra a humanidade ao reprimir protestos e perseguir a oposição. "Minha investigação sugere a possibilidade de que tenham sido cometidos crimes contra a humanidade, o que só pode ser confirmado por uma investigação criminal subsequente", disse Hussein durante a abertura da 36ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça. 

"Há um perigo real de que as tensões aumentem e que o governo esmague as instituições democráticas e as vozes críticas", disse o jordaniano Hussein. Segundo ele, o governo do ditador Nicolás Maduro instalou procedimentos criminais contra líderes da oposição, fez detenções arbitrárias e usou maus-tratos em presos como forma de tortura. 

Um relatório da agência de direitos humanos das Nações Unidas do fim de agosto já tinha criticado a Venezuela por ações contra os direitos humanos e pedido uma investigação sobre os casos. Na ocasião, Hussein disse que houve uma "erosão da vida democrática" na Venezuela. A ONU também já tinha declarado que as forças de segurança venezuelana usaram tortura e força excessiva para reprimir os protestos contra o governo. As manifestações contra Maduro se intensificaram após o ditador anunciar a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, instalada no início de agosto. 

Presente ao encontro em Genebra, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, defendeu o regime de Maduro. Segundo ele, a instalação da Constituinte ajudou a pacificar o país. "Nosso país agora está em paz", disse o diplomata, afirmando que a última morte registrada nos protestos aconteceu em 30 de julho. 

Segundo a ONU, 124 pessoas morreram nas manifestações no primeiro semestre do ano. Dessas, pelo menos 73 foram vítimas das forças de segurança ou de grupos de apoio a Maduro -a responsabilidade das outras 51 mortes não foi determinada. Para Arreaza, a diminuição no número de vítimas mostra que o país está no caminho certo. "A oposição na Venezuela está de volta no caminho da lei e da democracia e veremos um diálogo surgindo graças a mediação de nossos amigos", disse ele. Em eventro paralelo também em Genebra na segunda, Diego Arria, embaixador venezuelano na ONU entre 1991 e 1994, defendeu que Maduro seja denunciado ao Tribunal Penal Internacional. "Estou convencido de que matar nas ruas é equivalente a um crime contra a humanidade", disse ele.

Nenhum comentário: