domingo, 24 de setembro de 2017

Mansão em Mangaratiba do bandido Sérgio Cabral vai a leilão no dia 3 de outubro


Na casa do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e da ex-primeira-dama, a garota do Leblon, Adriana Ancelmo, apelidada por ele de "Riqueza", em Mangaratiba, no litoral sul fluminense, as imagens sacras dividem espaço com obras do artista plástico Romero Britto, o rei da cafonália, presentes em quase todos os cômodos. No corredor que leva às cinco suítes do imóvel — três delas com vista para o mar da praia São Braz —, há um quadro com o rosto de Adriana Ancelmo, pintado pelo pernambucano, que fica em uma extremidade; na outra ponta está a homenagem ao super bandido Sérgio Cabral. É o colorido das obras do artista super-cafona, o preferido de dez entre dez novos ricos brasileiros, que quebra o branco e os tons pastéis que predominam na casa.

O imóvel, ainda repleto de fotografias da família e outros objetos pessoais, vai a leilão no dia 3 de outubro. O lance mínimo é de R$ 8 milhões, valor pelo qual a casa com 462 metros quadrados de área construída foi avaliada pela Justiça. Contando a área externa, com duas piscinas, sauna e churrasqueira, são mil metros quadrados. Se não for arrematado, um segundo certame será realizado em 11 de outubro. Neste caso, o lance mínimo passa a ser de R$ 6,4 milhões — o equivalente a 80% do valor de avaliação.

Os sete bens do super bandido Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, a Garota do Leblon, a serem leiloados, estão avaliados em R$ 12,5 milhões. O dinheiro será usado para ressarcir os cofres públicos. A decisão foi do juiz Marcelo Bretas, que entendeu que os bens poderiam se depreciar e perder valor. Na quarta-feira, ele condenou o ex-governador a 45 anos e 2 meses de prisão — a pena de Adriana é de 18 anos e 3 meses.

Um tour pela mansão revelou o quanto a família é fanática pelo Vasco da Gama e algumas preciosidades na biblioteca do  bandidão Sérgio Cabral. Em uma mesma pilha de livros estão as obras “Antologia da Maldade”, de Gustavo Franco e Fabio Giambiagi, “Estado de Crise”, de Zygmunt Bauman e Carlo Bordoni, e “Flanando em Paris”, de José Carlos Oliveira. O livro sobre a capital francesa traz à memória as constantes referências do falecido colunista Jorge Bastos Moreno, morto em junho, que sempre ironizava a predileção do ex-governador por Paris.

Na cozinha, com fogão industrial, há três geladeiras. Uma delas é da Cervejaria Itaipava, do mesmo modelo visto em bares, e que remete às investigações da Lava-Jato que ligam a empresa a pagamentos de propina e doações ilegais para a campanha do ex-governador.

Quem arrematar a mansão vai levar a geladeira da Itaipava, outros eletrodomésticos, móveis e eletrônicos que lá estão. E eles não são poucos. Ainda há dois carrinhos de golfe que eram usados para locomoção pelo condomínio Portobello, onde fica o imóvel. É lá, aliás, que muitos investigados na Lava-Jato compraram ou alugaram casas, entre eles o empreiteiro Fernando Cavendish e o empresário Arthur Cesar Menezes Soares Filho, conhecido como “Rei Arthur” — os dois são acusados de pagar propina a Sérgio Cabral para obter contratos com o governo.

O ex-governador já deu festas no imóvel durante o réveillon, com DJ contratado, diversos secretários e mergulho no mar para celebrar o novo ano. Mas, na maior parte do tempo, a mansão serviu mesmo para o refúgio da família durante os finais de semana, quando eles usavam o helicóptero do governo do estado para o deslocamento entre o Rio de Janeiro e Mangaratiba.

Lá, a família Cabral poderia usar a lancha Manhattan Rio, que o Ministério Público Federal apontou ser do ex-governador, apesar de estar em nome de um ex-assessor. A embarcação, com 24 metros de comprimento, foi avaliada em R$ 4 milhões e também será leiloada. Na parte interior, há TV, aparelhagem de vídeo, geladeira e fogão. São dois deques, duas suítes, duas cabines laterais com camas de solteiro, um bar lounge, uma sala de estar, uma sala de jantar e quatro banheiros. No certame, o leiloeiro Renato Guedes vai receber ainda lances para três veículos, um jet ski e uma embarcação de menor porte.

Os lances serão presenciais, na sede da Justiça Federal do Rio, mas podem ser feitos pela internet (www.rioleiloes.com.br), desde que o cadastro tenha sido feito até 24 horas antes do leilão. A regra de pagamento para os bens é a mesma: ao menos 25% do valor arrematado como entrada, e o restante em até 30 parcelas. Quem quiser fazer lances poderá agendar uma visita à mansão de Sérgio Cabral. Entretanto, a empresa responsável pelo certame faz a checagem de dados do interessado, incluindo a renda. 

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