terça-feira, 12 de setembro de 2017

Janot diz que delatores gravaram o petista José Eduardo Cardozo e esconderam a existência do áudio na delação premiada


No documento em que pediu a prisão do dono do Grupo J&F, Joesley Batista, do diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud, e do ex-procurador da República, Marcello Miller, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz que houve omissão de outras gravações feitas por delatores da empresa, uma delas envolvendo o ex-ministro da Justiça, o "porquinho" petista José Eduardo Cardozo. No depoimento prestado na Procuradoria-Geral da República no dia 7 de setembro, Saud admitiu que Cardozo foi gravado em um encontro na casa de Joesley. A gravação contra Cardozo teria provocado uma “briga” entre Miller e os delatores, já que o ex-procurador não teria aprovado a atitude. Segundo Saud, Miller declarou que a gravação de Cardozo “daria cadeia” e que “iriam para cima dele, depoente (Saud), e José Eduardo Cardozo”. Saud disse ter estranhado que Miller saiu da sala, após a conversa, enviando mensagens no celular. O conteúdo da conversa com Cardozo não teria sido revelado a Miller. 

A peça assinada por Janot diz que Miller teria sugerido aos colaboradores que escondessem elementos de informação que pudessem comprometer Cardozo e Marco Aurélio Carvalho, sócio do ex-ministro em um escritório de advocacia.  “Tais fatos, ressaltamos, precisarão ser investigados para se confirmarem tais hipóteses. Há, ainda, referências a outras gravações, inclusive uma relativa à conversa com José Eduardo Cardozo, que não apenas deixaram de ser entregues ao Ministério Público Federal, como foram levadas ao exterior, em aparente tentativa de ocultação dos arquivos das autoridades pátrias, o que reforça o intento de omitir alguns fatos, após a orientação de Marcello Miller”, diz Janot. 

Este foi um dos pontos que Janot considerou para concluir que “Marcello Miller vinha auxiliando os colaboradores antes de se desligar do Ministério Público”. Janot também destaca que Joesley e Ricardo Saud reconheceram que há informações e áudios não entregues, concluindo que houve má-fé. O ex-ministro José Eduardo Cardozo e o ex-procurador Marcello Miller não responderam aos pedidos para comentar o caso.

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