terça-feira, 12 de setembro de 2017

Ex-procurador Marcelo Miller atuou a favor da J&F quando ainda estava no Ministério Público Federal


O escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) documentos internos que mostram que Marcello Miller atuou para o Grupo J&F antes mesmo de se desligar do cargo, informou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A informação consta no pedido formulado por Janot para que o empresário Joesley Batista, dono do grupo J&F, o executivo Ricardo Saud e Miller fossem presos. O ministro Luiz Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, atendeu ao pedido de prisão temporária de Joesley e Saud, mas rejeitou a solicitação que dizia respeito a Miller. 

Segundo Janot, no dia 6 de setembro deste ano, atendendo a um pedido feito pela Procuradoria Geral da República, o escritório Trench, Rossi e Watanabe encaminhou o material referente a uma investigação interna envolvendo a atuação de Miller no escritório. “Entre os documentos apresentados constam elementos de que, antes de março do corrente ano, Marcello Miller já auxiliava o grupo J&F no que toca o acordo de leniência firmado pela empresa com o Ministério Publico Federal”, declarou o procurador-geral da República. 

Segundo Janot, há trocas de e-mails entre Marcello Miller e uma advogada do escritório, “em época em que ainda ocupava o cargo de procurador da República, com marcações de vôos para reuniões, referências a orientações à empresa J&F e indícios de tratativas em benefícios à mencionada empresa”. A relação de Miller com a J&F é um dos principais pontos questionados pela defesa do presidente Michel Temer (PMDB), que tenta afastar Janot do caso. 

“As evidências colhidas até o momento demonstram que é absolutamente plausível a suspeita de que Marcello Miller tenha, na sua atuação junto ao grupo J&F, cometido o crime de exploração de prestígio, artigo 357 do Código Penal. Há possibilidade, outrossim, de ter sido cooptado pela organização criminosa da qual fazem parte Joesley Batista e Ricardo Saud, passando, em princípio, a integrá-la”, disse Janot. 

“Se não bastasse, há indicativo de que Marcello Miller, ainda na condição de procurador da República, teria, em princípio, ajudado os colaboradores a filtrar informações, escamotear fatos e provas e ajustar depoimentos e declarações, em benefício de terceiros que poderiam estar inseridos no grupo criminoso”, acrescentou o procurador-geral da República. 

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