quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Anita Prestes lança livro com novos documentos sobre a sua mãe, a espiã comunista soviética Olga Benário



Um arquivo inédito com mais de 2 mil páginas de dossiê sobre Olga Benario Prestes motivou a historiadora comunista Anita Leocadia Prestes, filha de Olga, e do comunista traidor Luiz Carlos Prestes, a escrever uma biografia sobre a mãe. O livro "Olga Benario Prestes – Uma Comunista nos Arquivos da Gestapo", relata detalhes da vida da espiã comunista soviética no período em que esteve presa em campos de concentração na Alemanha até seu assassinato, em 1942, e foi lançado na terça-feira (19) com debate na principal universidade comunista do País, a muito corrupta UFSC, em Florianópolis. 

Os documentos da Gestapo, a polícia secreta nazista, que contam como era a vida de Olga após sua extradição do Brasil para a Alemanha, em 1936, estavam escondidos na Rússia até cerca de dois anos atrás. "Até então, não pretendia escrever sobre minha mãe porque não havia novas informações. Esse arquivo, que ninguém sabia da existência, surgiu e permitiu que isso fosse possível. Era um material grande, o maior dossiê da Gestapo sobre uma única pessoa", comenta a comunista Anita Prestes.

A obra traz cartas, fotografias e outros documentos sobre a vida da espiã soviética e também de seu ex-companheiro, o comunista traidor brasileiro Luiz Carlos Prestes, que foi casado com Olga até o momento de sua extradição e é pai de Anita. Também traz detalhes sobre a vida da própria historiadora comunista, que nasceu no campo de concentração de Barnimstrasse e foi afastada da mãe com 14 meses, quando foi entregue à avó paterna, Leocadia Prestes.

"Nesses documentos, aparece bastante a influência de uma campanha mundial pela libertação dos presos políticos que era dirigida pela minha avó. Quando Olga foi extraditada do Brasil para a Alemanha, a campanha dirigiu-se a ela e depois a mim. Isso aparece em telegramas dirigidos diretamente ao Hitler, havia na época uma pressão muito grande e esse foi um dos motivos que a Gestapo me libertou. Por isso, digo que sou filha da solidariedade internacional", comenta a comunista Anita Prestes.

Nos arquivos sobre a mãe, a historiadora comunista também se surpreendeu com a dimensão da coragem da espiã soviética Olga e sua disposição para permanecer firme, sem delatar colegas do Partido Comunista Alemão ou da Internacional Comunista, dos quais ela fazia parte: "Se outros se tornaram traidores, eu jamais o serei", disse a militante.

"Foi um dos motivos pelo qual nunca deixaram que ela saísse. Ela tinha países que lhe concederiam asilo e eles não permitiram porque ela não falou o que eles queriam. Os documentos também mostram a truculência das autoridades alemãs. Eles acabam revelando a si próprios, são detalhistas na hora de descrever o autoritarismo e a violência", diz a comunista Anita Prestes. 

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