quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Petrobras reage rápido e afasta diretor de "compliance" repreendido por falta de ética, mas deveria ter demitido sumariamente


O conselho de administração da Petrobras decidiu hoje afastar do cargo o diretor de governança e conformidade ("compliance"), João Adalberto Elek Júnior. Ele foi advertido pela Comissão de Ética da Presidência por violação da lei de conflito de interesses. A punição ocorreu após denúncia de que João Adalberto Elek Junior contratou, sem licitação, a empresa de auditoria Delloitte para realizar auditoria e consultoria empresarial para a Petrobras. A contratação foi feita no final de 2015, pelo valor de 25 milhões de reais. Na época, a filha do diretor passava por um processo de seleção na Delloitte, sendo mais tarde contratada pela consultoria. A Deloitte deveria ter seu contrato sumariamente rescindido, por falta de lealdade com o cliente. O diretor de "compliance" vai recorrer da advertência aplicada pela Comissão de Ética da Presidência da República. Vai fazer o quê, negar fatos que são indesmentíveis? Em reunião hoje, a Petrobras decidiu que João Adalberto Elek Junior ficará afastado do cargo até que seu recurso na comissão seja julgado. 

Em nota, a Petrobras informa que a filha do diretor foi contratada em um processo seletivo que durou de setembro de 2015 a março de 2016, baseado em envio de currículo, entrevistas e testes diversos: “Em nenhum momento suas funções envolveram assuntos ligados à Petrobras. No mesmo mês de março, o diretor comunicou à comissão de ética da Petrobras que sua filha havia sido contratada". Sobre a contratação sem licitação, a Petrobras informa que ela recebeu pareceres favoráveis da auditoria interna e do departamento jurídico e ocorreu após o início do processo de seleção da filha de João Adalberto Elek Junior. A justificativa para a contratação era investigar denúncias recebidas pelo canal Denúncia da Petrobras: “A dispensa da licitação foi justificada tendo em vista os riscos que poderiam ser gerados para a companhia, como atrasos e/ou a interrupção desses trabalhos, incluindo o enfraquecimento da governança da Petrobras". 

A Petrobras informa que criou uma comissão especial que avaliou o assunto e “concluiu que o processo de contratação foi justificado e regular”: “A Comissão, com base nas evidências encontradas e no seu melhor julgamento, também entendeu que o Diretor João Elek não havia cometido infrações às normas de conflito de interesse". Em razão do cargo ocupado por Elek, a Petrobras decidiu afastá-lo até o julgamento do seu recurso. Para o presidente da Comissão, Mauro Menezes, “houve uma conduta errada e violadora da lei”. “Estamos falando de um diretor de compliance da maior empresa brasileira”, observou ele ao classificar a atitude do executivo como “erro grave” de conduta ética: “Consideramos a conduta violadora da norma ética".

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