sábado, 15 de julho de 2017

J&F começa a acertar suas dívidas com os bancos

Os irmãos Batista chegaram a um acordo com bancos credores para rolar dívidas da JBS. O acerto também envolve a renovação de empréstimos da holding que reúne os investimentos da família, a J&F. No total, a renegociação alcançará cerca de R$ 20 bilhões, segundo um banqueiro que participa diretamente das conversas. Os termos do acordo já foram definidos, mas ainda falta a assinatura da Caixa Econômica Federal. O banco público é um dos maiores credores do grupo de Joesley e Wesley Batista. Parte do que a instituição estatal tem a receber será quitada com o dinheiro da venda do controle da Alpargatas pela J&F – a operação renderá R$ 3,5 bilhões aos Batista. Junto com a Caixa Econômica Federal na renegociação estão ainda Bradesco, Santander, Banco do Brasil, HSBC, BNP Paribas e Bank of China. No total, o grupo é composto por 14 instituições. O Itaú recusou-se a aderir e conduziu tratativas à parte.

O banco ameaçava executar os empréstimos. Ao final, chegou-se a uma solução intermediária, na qual parte da dívida será quitada pelos Batista e outra parte será renovada, segundo um executivo a par dos termos do acordo.  O Conselho de Administração da JBS autorizou, no dia 7 de julho, a celebração dos acordos. Segundo ata da reunião, haverá "substituição das operações de dívida" ou "prorrogação das parcelas de principal". Em crise desde que firmou acordo de delação premiada, o conglomerado dos Batista deu passos importantes no plano de reestruturação de seus negócios. 

A venda do controle da fabricante de calçados Alpargatas, dona da marca Havaianas, anunciado na quarta-feira (12), ajudará a reduzir o endividamento. Os R$ 3,5 bilhões serão pagos à vista.  O negócio foi arrematado por um grupo de investidores formado pela Itaúsa, das famílias Setúbal e Villela, e Brasil Warrant e Cambuhy, ambas dos Moreira Salles, outra família sócia do Itaú. 

Também na quarta-feira (12), a JBS conseguiu desbloquear a venda de ativos, que havia sido decretada em junho pelo juiz federal Ricardo Leite, do Distrito Federal. Uma liminar do desembargador Olindo Menezes anulou a decisão de impedir a venda. Com isso, a empresa ficou autorizada a concretizar o negócio com o frigorífico Minerva, que prevê a transferência de operações da JBS na Argentina, no Uruguai e no Paraguai por US$ 300 milhões. 

O conglomerado dos Batista e a companhia de alimentos JBS, por eles controlada, têm dívida bilionária e vivem uma aguda crise de reputação desde que os empresários bucaneiros caipiras Joesley e Wesley firmaram acordo de delação, no qual confessaram uma série de crimes. Na tentativa de contornar a crise, os Batista iniciaram um programa de venda de empresas para levantar pelo menos R$ 15 bilhões nos próximos meses. A J&F precisa se desfazer dos ativos para reduzir sua dívida e para arcar com as parcelas das multa de R$ 10,3 bilhões prevista no acordo de leniência fechado com as autoridades. A fabricante de lácteos Vigor e a de celulose Eldorado também estão sendo negociadas.

Nenhum comentário: