quarta-feira, 26 de julho de 2017

MPF usa delação da JBS para apelar pela condenação da jornalista Cláudia Cordeiro Cruz

 

Ao apelar ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e pedir a condenação da jornalista Cláudia Cruz, o Ministério Público Federal fez referência a trechos da delação premiada do grupo JBS. No recurso, os procuradores citam e-mails, obtidos por meio de grampos, em que a jornalista menciona Altair Alves Pinto, a maioria deles tratando sobre valores. Segundo os procuradores, a importância dessas mensagens só foi percebida após a divulgação dos detalhes da delação de Joesley Batista e de outros executivos.

No acordo de colaboração premiada, Joesley e outros funcionários relataram o pagamento de uma mesada para Eduardo Cunha após sua prisão preventiva como forma de comprar seu silêncio. Os valores chegam a R$ 5 milhões e teriam sido operacionalizados por Altair. A força-tarefa argumenta que os códigos de Processo Penal e Processo Civil permitem a juntar novas provas nas apelações.

Na apelação, os procuradores sustentam que os e-mails são prova de corroboração de que Cláudia saberia que Cunha recebia propina. Ao inocentar a jornalista em primeira instância, o juiz Sergio Moro entendeu que não havia provas de que a mulher de Cunha tinha conhecimento sobre a origem dos recursos do ex-deputado e a livrou dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Na denúncia, o MPF sustenta que Cláudia fez gastos no Exterior em cartão de crédito, cuja conta era abastecida com propina recebida por Cunha em esquema de corrupção que envolveu a compra pela Petrobras de um poço de petróleo seco em Benin, na África. "Ressalte-se que, não obstante tais e-mails já serem de conhecimento do MPF, o nexo causal entre estes documentos e os crimes apurados só foi evidenciado após a colaboração premiada dos executivos da JBS, que revelou a rotina de pagamentos espúrios operacionalizados por Altair Alves Pinto em favor da família de Eduardo Cunha, incluindo a apelada, como visto", dizem os procuradores. 

Em um dos e-mails trocados em 2013, Cláudia Cruz responde a Sidney Roberto Szabo, funcionário de Eduardo Cunha, sobre um pagamento feito a alguém de nome Fátima. Sidney avisa que Fátima quer o pagamento em espécie e pergunta para Cláudia Cruz se ela pode "vir receber com o Altair?". Posteriormente, Cláudia respondeu que "o Altair vai acertar direto com a Dra. Fátima". 

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