segunda-feira, 24 de julho de 2017

Morre o último dos três filhos de Leonel Brizola, o arquiteto João Otávio

Filho de Leonel Brizola, o arquiteto João Otávio Brizola, 64 anos, morreu na noite de sábado (23) em São Paulo. Lutando contra um melanoma (câncer de pele), ele estava internado em um hospital da cidade desde a última quarta-feira (19). Seu corpo foi velado e cremado neste domingo na capital paulista. As cinzas devem ser levadas para o Rio de Janeiro, onde ele passou parte da vida. Fátima de Abreu Brizola, ex-mulher de João Otávio, e mãe do filho do casal, João Eduardo, 30 anos, lamentou a morte do arquiteto. Entre namoro e casamento, eles ficaram juntos 18 anos e estavam separados há 24 anos. Fátima disse que os dois sempre mantiveram um bom convívio após o rompimento da relação e eram grandes amigos: "A morte do João Otávio foi impactante. Eu e meu filho não esperávamos. Estamos muito tristes e abalados. Ele sempre foi um homem digno e com muita nobreza de caráter. Meu convívio com ele sempre foi carinhoso". Segundo Fátima, João Otávio descobriu a doença há dois anos e, desde então, vinha realizando tratamento, mas nos últimos meses seu quadro clínico se agravou.

João Otávio era o único filho de Brizola que sempre fugia dos holofotes e da imprensa. Ao contrário de seus dois irmãos, José Vicente — o mais velho, morto em 2012 — e Neuzinha — a mais nova, morta em 2011 —, nunca brigou ou desafiou publicamente o pai. Era o filho com quem Brizola, nos últimos anos de vida, vinha conversando, reavaliando decisões políticas, como se estivesse fazendo um inventário de sua trajetória pública e privada. Como resultado dessa relação, João Otávio lançou o livro "Minha Vida com meu pai, Leonel Brizola", uma obra em que relembra a convivência com o líder político. A sessão de autógrafos em Porto Alegre ocorreu no ano passado. "Ser filho de Brizola ajudou no crescimento profissional. Soube aproveitar as oportunidades que me foram dadas. Mas tem um legado desagradável de ser filho de um político de esquerda, particularmente dele. Tudo o que se fala e se falou de Brizola é política pesada. É política a ferro e fogo. Ou amavam ou detestavam ele. Era assim no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Ainda que no Rio Grande do Sul ele tenha se transformado em figura histórica respeitada já anos antes de morrer. O que não acontecia no Rio de Janeiro. O legado negativo é toda a falta de ter um pai, a dificuldade de relacionamento, associada a cobranças e ameaças para que fôssemos perfeitos", contou ele em entrevista ao jornal  Zero Hora, em 2014, enquanto preparava o livro. (ZH)

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