terça-feira, 4 de julho de 2017

Investimento-anjo no Brasil avança 9% em 2016, mas ritmo de crescimento diminui


O investimento-anjo feito no Brasil cresceu 9% no ano passado e chegou a um total de R$ 851 milhões. Apesar do avanço, houve uma desaceleração no nível de crescimento dessa modalidade de investimento, feito por pessoas físicas em companhias inovadoras em estágio inicial. Em 2015, o crescimento havia sido de 14%. Os dados são de levantamento da Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos que busca o fomento desse tipo de investimento.

Cassio Spina, presidente da organização, avalia o número como bom. Apesar de ver sinais de alerta em sua avaliação, o investimento-anjo segue crescendo mesmo na crise por depender mais de cenários de longo prazo do que do desempenho atual da economia. “Investimos em inovação, que cria novos mercados e não depende da conjuntura econômica”, diz. Por outro lado, a perda de vigor no crescimento é avaliada por Spina como reflexo de uma taxa de juros alta durante o ano de 2016 (no qual a Selic esteve em 14,25% ao ano), o que torna aplicações conservadoras em renda fixa mais atraentes a potenciais investidores-anjo do que a aposta arriscada em start-ups.

Além disso, a crise econômica reduz o patrimônio disponível de muitos que poderiam investir, avalia Spina. Isso porque parte dos investidores são empresários, que precisaram dedicar mais recursos aos seus negócios principais, e parte executivos, que tendem a estar mais receosos de perder suas posições no mercado. De 2015 para 2016, houve queda no número de investidores-anjo que colocaram recursos em start-ups. Foram 7.070 no ano passado e 2260 em 2015.


Segundo Spina, ainda há muito espaço para crescimento do investimento anjo no País. Ele compara o valor que é investido no Brasil com o dos Estados Unidos, de US$ 21 bilhões (cerca de R$ 69 bilhões), e diz que o Brasil deveria chegar a ao menos 10% desse montante. Como alternativa para fomentar o mercado, ele defende isenções de imposto de renda para os ganhos do investidor no momento em que a companhia é vendida e possibilidade de desconto no imposto de renda de parte do valor aplicado em start-ups.

“A idéia não é que o investidor invista só metade e fique com o resto do dinheiro, mas que ele invista o dobro, em vez de deixar o capital aplicado na renda fixa". afirma ele. Em 2016, o setor comemorou nova legislação para o investimento-anjo, que diminuiu as chances de quem investe ser responsabilizado por passivos de start-ups caso o projeto escolhido não dê certo.

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