terça-feira, 11 de julho de 2017

Igreja Católica proíbe hóstia sem glúten

Em uma circular dirigida a todos os bispos, a Igreja Católica informou que a hóstia utilizada nas missas pode até ser feita com farinha geneticamente modificada, mas não sem glúten — proteína vegetal encontrada no trigo que, no organismo de pessoas sensíveis, pode provocar reações, entre elas diarréia, flatulência e fadiga. Assinado pelo cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o documento é datado de 15 de junho, mas só chamou a atenção no último sábado (8), quando foi noticiado pela Rádio Vaticano. De acordo com a diretriz, "até recentemente, eram algumas comunidades religiosas que cuidavam de assar o pão e fazer o vinho usado na celebração da eucaristia". "Agora, porém, esses ingredientes são "vendidos também em supermercados e por meio da internet".

Na missiva, o cardeal pede que os religiosos garantam o "respeito absoluto" das normas católicas por parte dos produtores. Na tradição católica, o pão e o vinho se convertem no corpo de Cristo durante a celebração da missa, mas a transformação só ocorreria com produtos feitos segundo as regras eclesiásticas. O pão deve ser sem levedura, feito apenas de farinha de trigo. Qualquer outro cereal só é tolerado em proporções mínimas, e o acréscimo de outros produtos, como frutas, açúcar ou mel é considerado um "abuso grave". Por outro lado, o Vaticano decidiu que "a eucaristia preparada com organismos geneticamente modificados pode ser considerada válida", diz a carta.

A Igreja permite também hóstias com baixo teor de glúten, "desde que contenham uma quantidade suficiente de glúten para obter a confecção do pão sem a adição de materiais estranhos e sem o uso de procedimentos que alterariam a natureza do pão". Essa determinação está em outra diretriz, de 2003, que a Igreja agora reafirma. Ao menos nos EUA, a Conferência de Bispos Católicos determinou que os fiéis com doença celíaca (intolerância ao glúten) podem receber apenas vinho nas missas.

Sobre o vinho, aliás, a diretriz afirma que só deve proceder da uva, "do fruto da vida, puro e sem corrupção", e os sacerdotes têm de conservá-lo em perfeito estado. O mosto — suco da uva cuja fermentação é suspensa antes de alcançar os níveis de álcool do vinho comum — também está permitido.

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