domingo, 30 de julho de 2017

Doleiro Youssef diz que não mentiu, afirmou que derrubaria a República e a derrubou

O doleiro Alberto Youssef, que cumpriu três anos de prisão, foi o primeiro delator (ou "colaborador", como ele prefere) a dizer que Lula e Dilma Rousseff sabiam do esquema de corrupção da Petrobras. "E eu menti? Eu não menti", disse Youssef em nova entrevista à Veja: "Se tem uma coisa em que você não vai me pegar é na mentira. Eu tive a coragem de falar. Era evidente que eles sabiam de tudo. O Lula já está condenado. Eu disse que derrubaria a República e derrubei". 

Alberto Youssef disse à Veja que "a Polícia Federal tomou o cuidado" de deixar Eduardo Cunha "totalmente separado" dele na cadeia. "Eu não tenho bronca nenhuma de ninguém. Mas logicamente não conversei com o Eduardo Cunha. Quando ele estava no poder, quis ferrar as minhas filhas. Quis ferrar a minha esposa – pessoas que nunca participaram de nada. Eu nunca deixei que a minha esposa e as minhas filhas chegassem perto dos meus negócios. Eu nem sequer depositava dinheiro na conta-corrente delas. Zero."

Youssef acusa Eduardo Cunha de ter posto a empresa de investigação internacional Kroll, contratada pela Câmara dos Deputados para auxiliar o trabalho da CPI da Petrobras, atrás dele e de suas filhas. O doleiro também conta que, no dia em que depôs na comissão, "se não fosse o advogado do Paulo Roberto Costa me segurar, eu tinha pulado para cima do deputado Celso Pansera, um pau-mandado de Cunha. Foi o advogado do Paulo que me segurou. Eu sabia que o Eduardo Cunha estava por trás das besteiras que ele estava falando". 

Disse ainda o doleiro Alberto Youssef: "Não vejo interesse em mudar os costumes políticos. Essa fase de Lava Jato vai passar, e vai continuar tudo como está. O sistema vai continuar. O Brasil não vai mudar". Mais adiante, Youssef disse que o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto "é um cara que não tem um centavo para puxar para ele", "um cara correto", "o dinheiro roubado entrava e ele mandava para o PT": "Eu digo sempre que tem dois caras que não roubaram ali. Um sou eu. O outro é o Vaccari". Ambos estavam envolvidos em um esquema de corrupção, "mas não roubamos", reiterou o doleiro: "Éramos prestadores de serviço. O dinheiro era dos outros". 

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