sexta-feira, 2 de junho de 2017

Sérgio Cabral vira réu pela décima vez na Lava Jato


Preso desde novembro de 2016, o ex-governador do Rio de Janeiro, o peemedebista Sérgio Cabral foi colocado nesta sexta-feira pela décima vez no banco dos réus. O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Rio, de Janeiro aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra Sérgio Cabral e outras cinco pessoas, incluindo o irmão e a ex-mulher do peemedebista, por crimes de lavagem de dinheiro em pagamentos de propina de 1,7 milhão de reais pela construtora FW Engenharia. O dinheiro sujo teria sido retirado de contratos com o governo do Rio de Janeiro durante a gestão do ex-governador, entre 2007 e 2014. Ao aceitar a denúncia, o magistrado não faz juízo sobre o mérito da acusação e observa apenas se o Ministério Público Federal reuniu indícios suficientes para que os acusados sejam levados a julgamento. Os investigadores afirmam na denúncia que a FW, do empresário Flávio Werneck, usou a empresa de fachada Survey Mar & Serviços Ltda. para fazer pagamentos fracionados de propina às empresas Estalo Comunicação, de Maurício Cabral, irmão de Sérgio Cabral; Araras Empreendimentos, de Susana Neves, ex-mulher do peemedebista, e LRG Agropecuária, de Carlos Miranda, apontado como um dos operadores financeiros do esquema de corrupção liderado pelo ex-governador. Os pagamentos aos prepostos de Sérgio Cabral, justificados pela emissão de notas frias, teriam sido operacionalizados pelo contador da construtora, Alberto Conde, que administrava a Survey, uma empresa supostamente dedicada a reparos e manutenção de computadores e registrada em nome da filha de Conde e de um ex-funcionário dele. A empresa de Maurício Cabral, uma agência de publicidade, recebeu da Survey, de acordo com as investigações, um cheque de 240.000 reais em 2011. A Araras Empreendimentos, de Susana Neves, foi beneficiária de 31 depósitos bancários pela empresa, que totalizam 1,2 milhão de reais, entre outubro de 2011 e dezembro de 2013. As transferências à empresa da ex-mulher de Sérgio Cabral, que é mãe do deputado federal Marco Antonio Cabral (PMDB-RJ) e prima do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), foram fracionadas em valores que variaram entre 6.000 reais e 56.310 reais. De acordo com os procuradores, a prática pretendia não chamar atenção de órgãos de controle, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Já a conta da LRG Agropecuária, empresa de consultoria de Carlos Miranda, recebeu 193.850 reais da Survey por meio de quatro cheques depositados entre dezembro de 2011 e abril de 2012. Usada por Miranda para lavar dinheiro do esquema de corrupção no governo Sérgio Cabral, a LRG chegou a faturar 2,3 milhões de reais em 2007, quando o peemedebista chegou ao Palácio Guanabara, valor reduzido a 7.000 reais em 2015, quando Sérgio Cabral já não era governador. Conforme as investigações, tanto a Survey quanto as empresas de Maurício Cabral, Susana e Bezerra são registradas em endereços residenciais, têm poucos funcionários ou nenhum e apresentam movimentações financeiras incompatíveis com as receitas declaradas à Receita Federal, características típicas de empresas de fachada. Na denúncia do Ministério Público Federal, são atribuídos a Sérgio Cabral, Flávio Werneck e Alberto Conde 36 crimes de lavagem de dinheiro. Susana Neves é acusada do mesmo crime 31 vezes, Carlos Bezerra, quatro vezes, e Maurício Cabral, uma vez. Além de responder a essa acusação na Justiça Federal do Rio de Janeiro, o ex-governador será julgado por Bretas em outros oito processos, em que é acusado dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão fraudulenta de divisas e formação de quadrilha. Sérgio Cabral também é réu em uma ação penal que corre na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, sob responsabilidade do juiz federal Sergio Moro. 

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