sábado, 3 de junho de 2017

Investidores entram com ação coletiva contra JBS nos EUA, diz escritório Vincent Wong

Uma ação coletiva foi aberta contra a JBS nos Estados Unidos por investidores que compraram ações da empresa entre 2 de junho de 2015 e 19 de maio de 2017, informou nesta sexta-feira (2) o escritório de advogacia Vincent Wong. Conforme o comunicado, investidores que sofreram prejuízos têm até 21 de julho para solicitar ao tribunal nomeação como autor do processo, em tramitação na Corte do Distrito Leste de Nova York. Em 22 de maio foi divulgado que escritórios norte-americanos de advocacia estavam recolhendo inscrições de interessados em se juntar a ações coletivas contra a JBS, em pelo menos sete processos relacionados ao escândalo da operação Carne Fraca, deflagrado pela Polícia Federal em meados de março. Em comunicado sobre a abertura do processo, o Vincent Wong cita o pagamento de propina a órgãos reguladores para corromper inspeções nas fábricas da empresa (pontos investigados na Operação Carne Fraca), pagamentos de propina relatados pelo presidente do conselho de administração da empresa, Joesley Batista, a políticos e lobistas, além de empréstimos irregulares recebidos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O escritório também destaca as "operações suspeitas" feitas no mercado por Joesley e seu irmão Wesley Batista, presidente do frigorífico, antes da divulgação do acordo de delação premiada feito pelos executivos da empresa e que "indicam sinais de possível informação privilegiada". Segundo o escritório, em decorrência desses fatos, "os comunicados dos réus sobre os negócios, operações e perspectivas da JBS eram concretamente falsos e/ou faltavam fundamentos razoáveis em todos os momentos relevantes". No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, órgão que regula o mercado de capitais no país) instaurou na terça-feira (31) dois inquéritos administrativos contra a JBS para investigar a atuação da companhia no mercado de dólar futuro e negociações do acionista controlador com ações da empresa. As operações foram feitas dias antes da divulgação da delação premiada dos executivos da empresa, que mexeram com os mercados. Os inquéritos foram instaurados para dar sequência às apurações iniciadas em processos administrativos abertos em 19 de maio. No total, a CVM já abriu oito processos envolvendo a JBS, após as notícias atreladas à delação de acionistas controladores da companhia. A JBS, seus controladores e outras empresas do grupo são investigadas por uso de informação privilegiada. A JBS confirmou que comprou dólar no mercado futuro horas antes da divulgação de que seus executivos fizeram delação premiada. O dólar disparou no dia seguinte, subindo mais de 8%, o que trouxe ganhos a empresa. Outra operação da empresa que resultou em inquérito foi a venda de ações da própria JBS pelos controladores em abril. Parte dos papéis foram recomprados pela tesouraria da empresa. A companhia afirmou que suas operações no mercado do câmbio são avaliadas diariamente e visam a proteção financeira da empresa, que tem dívida em dólar e negócios no exterior. Além das operações de câmbio e ações, os demais processos envolvem também transações do Banco Original, que tem os mesmos controladores, e supostas irregularidades na divulgação de fatos relevantes pela empresa. Esses processos ainda estão em análise, segundo a CVM.

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