terça-feira, 6 de junho de 2017

Empresário corrupto baiano Emilio Odebrecht enterra Lula e Palocci


Presidente do conselho administrativo do grupo corruptor e propineiro Odebrecht, o baiano Emílio Odebrecht falou ao juiz federal Sergio Moro nesta segunda-feira como testemunha de acusação em um dos processos que têm entre os réus o poderoso chefão da organização criminosa petista e ex-presidente Lula. O empresário confirmou ao magistrado que Lula lhe pedia ajuda financeira a campanhas do PT, “como todos os presidentes daqui do Brasil como do Exterior”, mas pontuou que o petista não tratava de valores. “Existia uma relação cerimoniosa, apesar da relação de confiança, que eu diria até de amizade por longa data que nos conhecíamos, não existia efetivamente algo onde a gente conversasse sobre valores. Tanto assim que ele indicava quem seria a pessoa dele e eu indicava quem seria a minha pessoa, para ver como nós ajudávamos”, afirmou Emílio Odebrecht. O empresário relatou que o interlocutor escalado por Lula para negociar doações eleitorais oficiais e não oficiais com a Odebrecht era Antonio Palocci, enquanto encarregava para tratar com Palocci, em momentos distintos, os ex-presidentes do grupo Odebrecht ,Pedro Novis e Marcelo Odebrecht. Quando a procuradora do Ministério Público Federal, Isabel Cristina Groba Vieira, o questionou a respeito da declaração de seu filho, Marcelo, de que havia disponibilizado 300 milhões de reais ao PT em caixa dois, Emílio Odebrecht ressaltou que não tratava de valores com o ex-presidente. “Tive conhecimento, Marcelo me trouxe pra eu informar o presidente Lula e eu não levei porque não levava números para ele. O que eu perguntava é ‘você e o interlocutor indicado pelo presidente acertaram? Vocês estão de acordo?’”, respondeu. O empresário também negou conhecer a conta “amigo”, rubrica que o Ministério Público Federal atribui a Lula dentro da planilha “Italiano”, e relatou os termos em que conversava com Lula sobre a criação de uma entidade para preservar seu legado político. “Eu sempre procurei, há muitos anos, dizer a ele, da mesma forma que eu tenho perante os meus executivos na organização, um trabalho sobre o “day after”. Ou seja: vocês, quando se aposentarem, precisam se preparar hoje para o dia de amanhã. A mesma coisa eu dizia ao presidente: ‘Presidente, o senhor precisa pensar no day after’. Aí surgiam conversas sobre instituto, sobre fundação, onde eu dizia a ele a experiência que existe, internacional, de vários presidentes”, disse Odebrecht. Como se vê, é um empresário muito preocupado com o Brasil e os brasileiros. 


Palocci é apontado pelo Ministério Público Federal como dono de uma "conta-corrente" de propinas junto à Odebrecht, representada em uma planilha de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da companhia, intitulada "Posição Programa Especial Italiano". Segundo a Procuradoria, o dinheiro vinha de obras da Petrobras, e era pago em doações oficiais, caixa dois ou em vantagens específicas -nesse caso, um terreno que seria destinado ao Instituto Lula. "Uma ou duas vezes, ele indicou o Guido Mantega", afirmou Emílio. Mantega era tratado na planilha como "pós-Itália", segundo a acusação. Emílio Odebrecht, um velho corruptor do mundo da política, de 72 anos, disse que não entrava nos detalhes dos pagamentos e contrapartidas com Lula. Afirmou, porém, que fazia três orientações a seus executivos: 1) parcelar as propinas no maior prazo possível; 2) negociar desconto nos valores; e 3) dar isonomia de tratamento a outros partidos e políticos, para "evitar ciúmes". A ideia de estender os pagamentos ao longo de meses, segundo ele, era uma forma de "hedge" - ou seja, de reduzir os riscos da empreiteira em levar calote do governo, já que ela ainda teria parcelas de doações a pagar ao PT. "Tem um contrato; amanhã ou depois um ministro prende um pagamento... Aí eu tenho direito de chegar e o partido fica naturalmente sob pressão. Isso a gente fazia geral", declarou. Apesar de mencionar os contratos, Emílio afirmou não saber se havia contrapartidas específicas em relação ao pagamento das doações solicitadas por Lula. É um anjinho. Um camarada desses deveria estar preso e impedido eternamente de comandar negócios. Além de Emílio, outros dois executivos da Odebrecht depuseram nesta segunda (5): Alexandrino Alencar, responsável pelo relacionamento com políticos, e João Alberto Lovera, que atuou na compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula. O terreno é o principal alvo da ação a que o ex-presidente responde na Justiça do Paraná. Segundo o Ministério Público, parte das propinas pagas pela Odebrecht em contratos da Petrobras foi destinada para a aquisição do imóvel, na zona sul de São Paulo. Lovera, que aderiu ao acordo de leniência da Odebrecht e se somou aos demais delatores da empreiteira, confirmou que Lula chegou a visitar o terreno, em 2011. "Foram o Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula), o ex-presidente Lula, a dona Marisa e mais uma quarta pessoa. Ficaram uns 40 minutos e foram embora", afirmou. O instituto desistiu do imóvel por não considerá-lo adequado, e acabou se instalando na atual sede, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. 

Nenhum comentário: