quarta-feira, 14 de junho de 2017

Crivella diz que vai cortar subvenção destinada às escolas de samba do Rio de Janeiro



O prefeito Marcelo Crivella (PRB) diz que pretende cortar pela metade a subvenção que o município dá às escolas de samba do Rio de Janeiro. Em um momento de caixa apertado, diz que quer alocar os recursos na educação. A proposta é mais um capítulo da relação do prefeito, que é bispo licenciado da Igreja Universal, com o Carnaval. Neste primeiro ano no cargo, ignorou a tradição de entregar a chave da cidade ao rei Momo e se negou a aparecer na Sapucaí. Crivella nega que o corte seja uma perseguição ao evento, e diz que se trata de elencar prioridades. 

Desde 2016, as escolas do Grupo Especial (as primeiras do ranking) recebem R$ 2 milhões cada uma da prefeitura. Crivella quer cortar o apoio para R$ 1 milhão, valor que a prefeitura aportava até 2016 – a cifra dobrou após as escolas perderem apoios do governo do Estado e da Petrobras, que já viviam crise naquela época. 

O valor que as escolas deixarão de ganhar corresponde a 17% do orçamento básico delas – em 2017, elas receberam R$ 6 milhões, oriundos do apoio municipal, venda de ingressos, da cota de televisão e de CDs. As escolas também têm outras fontes de renda, como eventos nas quadras que acontecem ao longo do ano. 


Em 2017, a cidade recebeu 1,1 milhão de visitantes e teve uma movimentação financeira da ordem de R$ 3 bilhões proveniente do turismo, segundo a Riotur. Os recursos, diz a prefeitura, serão aplicados no custo diário per capita das crianças que estão nas creches conveniadas à administração municipal. A intenção é dobrar a diária que as instituições recebem por criança, que atualmente é de R$ 10,00. Hoje, cerca de 15 mil alunos são atendidos em 158 unidades. A nova diária de R$ 20,00 deve começar a ser paga a partir de agosto. 

O presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), Jorge Castanheira, disse que considera a decisão do prefeito um "retrocesso".  "O espetáculo chegou a um alto nível de qualidade. Isso seria um retrocesso. Aumentar verbas para a creche, de fato, é importante. Mas é tratar da questão do Carnaval do Rio de uma maneira muito simplista. O evento movimenta R$ 3 bilhões para a cidade, conforme a própria Riotur já divulgou. É toda uma economia que gira em volta disso. Movimenta hotéis, restaurantes, entre outras atividades econômicas que geram impostos para a própria prefeitura", disse ele. Crivella também quer cortar subsídio às escolas do grupo de acesso (divisão inferior de escolas). 

Segundo a prefeitura, apesar do corte, o Carnaval do Rio vai receber novos investimentos em 2018. A avenida Marquês de Sapucaí passará por obras para melhorar as condições de infraestrutura oferecidas às escolas de samba. O planejamento prevê a modernização dos sistemas de luz e som, além da instalação de telões por toda a passarela. A prefeitura estuda formas de atrair recursos da iniciativa privada para o Carnaval.

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