terça-feira, 2 de maio de 2017

Médicos do Hospital Universitário de Florianópolis são denunciados por estelionato


O Ministério Público Federal de Santa Catarina denunciou finalmente, nesta terça-feira (2), depois de uma longuíssima espera, 26 médicos concursados do Hospital Universitário (HU) Polydoro Ernani de São Thiago, de Florianópolis, por estelionato. São médicos do quadro estatutário da Universidade Federal de Santa Catarina. Eles são acusados de não cumprir a carga horária pela qual foram contratados. O procurador pediu ainda mais investigações sobre um outro médico. Desde o surgimento do caso, em uma operação da Polícia Federal que conseguiu reunir em frente ao prédio Tio Patinhas, sede da superintendência regional, na Avenida Beira Mar Norte, a maior quantidade de carros de luxo, baixou um manto de proteção sobre os nomes dos médicos, até hoje não revelados ao público. Se fossem bandidos chinelões do Morro da Cruz já teriam seus nomes expostos. Dentro da própria Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) existe um processo administrativo que apura o mesmo caso. Ou seja, é outro processo para tomar o caminho das calendas. O caso começou a ser apurado pela Polícia Federal em junho de 2015 durante uma operação. Na época, a Polícia Federal indiciou 27 médicos concursados do Hospital Universitário. De acordo com a polícia, eles não cumpriram toda a carga horária, mas recebiam integralmente. Pelos cálculos da Polícia Federal, houve um prejuízo de R$ 36 milhões em cinco anos aos cofres públicos. Todos os 26 médicos foram denunciados pelo mesmo crime, segundo o procurador federal responsável pelo caso, João Marques Brandão Neto. Ele afirmou que o volume de provas apresentado pela Polícia Federal totalizou 18 mil páginas, que foram a base da denúncia feita nesta terça-feira. A Polícia Federal fez uma média do total de horas que os médicos efetivamente trabalharam na instituição pública. Ao todo, os 27 médicos trabalharam um total de 283 horas por semana. Por contrato, esses funcionários deveriam ter trabalhado 1.060 horas por semana. Ou seja, trabalharam 26,7% daquilo que estava acordado como prestação de serviço. Considerando a portaria nº 1.101/2002 do Ministério da Saúde, cada médico poderia atender até quatro consultas por hora. Em um dia, os 27 médicos deveriam atender por turno 848 consultas, mas a média somando todos os funcionários era de 226, conforme a Polícia Federal. A investigação durou um ano e meio. A polícia recebeu as denúncias por meio de outros funcionários do Hospital Universitário e colocou agentes infiltrados na unidade. Investigações desse gênero têm sido realizadas em várias universidades federais brasileiros, e são constatadas sempre as mesmas fraudes. É o caso da Universidade Federal de Santa Maria, onde vários professores odontólogos já foram condenados pelo mesmo caso de Florianópolis. Se uma investigação similar for realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre é capaz de acontecer uma devastação na entidade.

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