quinta-feira, 18 de maio de 2017

Corte da Selic deve ser menor devido à crise, conforme os analistas de Economia


Nem bem a leva de economistas mais resistentes se dobrou às projeções da maioria e passou a contar com um corte na taxa básica de juros (Selic) de 1,25 ponto percentual, o tsunami que atingiu o governo mexe novamente com as previsões para os juros no País. Já há quem diga que o Banco Central deve optar por um corte de apenas 0,75 ponto percentual na próxima reunião, no fim de maio - metade do que chegaram a esperar os mais otimistas. Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, diz que é bem provável que o corte de 1,25 ponto percentual não se realize porque a previsão se ancorava tanto na alta probabilidade de a reforma da Previdência fosse votada no início de junho quanto em um câmbio relativamente estável. As expectativas de inflação, lembra ela, são muito influenciadas pelo câmbio, cuja trajetória agora é bastante incerta: "E a única certeza que dá para ter neste momento é que a reforma não será votada quando se esperava". Jorge Simino, diretor de investimentos da Funcesp, fundo de pensão com R$ 27 bilhões sob gestão, avalia ser possível que a autoridade monetária opte por um corte menor, de 1 ponto percentual, no fim de maio. "Quem apostou em 1,5 ponto está fora do jogo e certamente vai arcar com prejuízo", diz. Lucas Marins, analista da Ativa Investimentos, concorda e vai além. Marins não descarta a possibilidade de o Banco Central esperar o cenário ficar mais claro para só depois definir que atitude tomar: "Quem se posicionou apostando que o Banco Central ia cortar 1,25 ou 1,50 ponto percentual pode ter perdido dinheiro". Já o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, avalia que há uma posição de cautela e, ao longo de duas semanas, se tiver um sinal de mudança rápida, sem grandes desgastes, é possível que o recado seja mais moderado e que haja um corte na Selic entre 75 pontos e 100 pontos. Os títulos públicos negociados na plataforma do Tesouro Direto voltaram para patamares de remuneração oferecidos em dezembro do ano passado. Naquela época, o presidente Michel Temer tinha acabado de apresentar sua proposta de reforma da Previdência e medidas de estímulo à economia, como a liberação do saque das contas inativas do FGTS. O Banco Central ainda cortava de forma modesta a taxa básica de juros da economia. A remuneração do Tesouro IPCA + (que paga a inflação e mais uma taxa de juros) com vencimento em 2024 saltou de 4,99% a 6,01%. O contrato com vencimento em 2035 podia ser comprado com remuneração de 5,97%. O Tesouro Prefixado 2020 voltou a ser negociado com remuneração acima de 10% ao ano, o que não ocorria desde o final de fevereiro.

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