sábado, 27 de maio de 2017

Com incerteza política, agência diz que pode rebaixar nota do Brasil


A agência de classificação de risco S&P Global Ratings anunciou na segunda-feira (22) que colocou a nota de crédito brasileira em revisão para possível rebaixamento nos próximos três meses. A decisão se baseia no quadro de elevação da incerteza política. A nota de crédito do Brasil está hoje em "BB" com perspectiva negativa, ou dois níveis abaixo do grau de investimento, o chamado "selo de bom pagador". Um novo rebaixamento levaria a nota do Brasil para três degraus abaixo no grau de investimento. Segundo a S&;P, após recentes denúncias de corrupção contra o presidente Michel Temer, o cenário político do Brasil voltou a se complicar, e progressos consideráveis no campo fiscal e econômico — em um contexto de ajuste prolongado — estão sob risco. Para a S&P, um presidente enfraquecido ou um longo ou disruptivo processo de transição enfraqueceria a capacidade de avançar nas reformas e provavelmente atrasaria a recuperação econômica. Assim como a aprovação de políticas fiscais e econômicas mais proativas, o que poderia conduzir a um rebaixamento da nota: "Caso confirmadas as acusações contra o presidente Temer, a capacidade para permanecer no escritório e governar efetivamente se tornaria provavelmente insustentável, colocando em movimento um processo de transição que não foi testado antes". A S&P diz ainda que os recentes acontecimentos políticos atrasariam a capacidade da classe política avançar nas reformas no que chama de "tempo oportuno", ou seja, antes das eleições presidenciais de 2018. Em nota, o Ministério da Fazenda afirmou que a S&P "reconhece a importância das reformas implementadas", apesar de frisar a necessidade da aprovação da nova Previdência, e que a classificação será mantida se a incerteza política for de curta duração. "Segundo a agência, a nota de crédito poderá ser mantida em um cenário em que a incerteza política seja de curta duração e sob uma administração e equipe econômica que tenham apoio suficiente no Congresso para continuar avançando com medidas corretivas direcionadas a frear a deterioração fiscal e fortalecer as perspectivas de crescimento". As outras duas principais agências de risco — a Fitch e a Moody's — também mantêm a nota do Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento. 

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