domingo, 16 de abril de 2017

Quinta-feira foi de avaliação e reação na residência oficial do governador de Santa Catarina

Raimundo Colombo reuniu secretários após revelação de conteúdo de delações de diretores da Odebrecht e emitiu nota em resposta


Um dia após ir a Lages passar o feriadão de Páscoa, o governador Raimundo Colombo (PSD) retornou a Florianópolis para participar de reunião com os secretários da Casa Civil, Nelson Serpa, e da Comunicação, João Debiasi. O encontro serviu para fazer uma avaliação jurídica e de comunicação sobre o conteúdo das delações de executivos da Odebrecht que envolvem o nome do pessedista e indicam que ele teria pedido dinheiro de caixa 2 para campanhas eleitorais dele e de correligionários. Ao fim da conferência, por volta de 14 horas, Colombo pediu à equipe de governo que se desconecteasse e descansasse durante o restante do feriado. Ele deixou a Casa da Agronômica tão logo a reunião terminou e retornou Lages. Decidido não deu entrevistas, como é seu costume, mas se mostrou indignado na reunião e afirmou que não havia procurado nenhum executivo da Odebrecht. Ao contrário, falou que "eles teriam nos procurado". O encontro serviu ainda para redigir a nota divulgada no meio da tarde, em que o governo de Santa Catarina afirma que "a versão dos delatores da Odebrecht sobre contribuição para campanha que está sendo noticiada é absurda, carregada de mentiras, ódio e revanchismo". Serpa, experiente advogado e homem próximo ao governador, emprestou o conhecimento para avaliar o peso jurídico das delações. Ajudou também a escrever o comunicado. O termo "revanchismo" tem vínculo com o entendimento palaciano de que apesar da aprovação do projeto de leiloar 49% das ações da Casan, a venda não se concretizou. Foi engavetado, já que existiria uma dívida com a previdência que desvalorizaria o preço da companhia. Isso teria sido decisivo para o governo desistir da venda. A expectativa gerada na Odebrecht com o negócio não efetivado seria o estopim para os delatores citarem o nome de Colombo. Um ponto chamou atenção do governador e secretários de Estado no encontro que começou pela manhã e avançou depois do almoço: a petição assinada pelo ministro Edson Fachin, divulgada na terça-feira, relata o pagamento de dinheiro não contabilizado à campanha de Colombo em 2010 no valor de R$ 2 milhões. Porém, nas delações dos executivos Fernando Cunha Reis e Paulo Roberto Welzel, são citados outros casos em que o pessedista teria solicitado doações. O fato foi considerado uma "discrepância", já que a petição pede para investigar a doação de 2010, enquanto a delação revela outros casos, com volumes maiores de dinheiro. Esse é um dos pontos que deve ser trabalhado pela defesa de Colombo que pode ser feita por um advogado de Brasília ou de Santa Catarina. Na reunião, também foi compartilhada a percepção de que a divulgação das delações "tumultua" o ambiente no seio do governo. No entanto, há convicção de que as acusações serão esclarecidas. 

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