sexta-feira, 14 de abril de 2017

Odebrecht acusa Blairo Maggi de receber R$ 12 milhões via caixa dois



O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e o deputado Zeca do PT (PT-MS), foram acusados por delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato de participar de esquema de corrupção e lavagem de dinheiro relacionado a créditos judiciais junto aos governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul enquanto eram governadores desses Estados. Maggi recebeu R$ 12 milhões e Zeca do PT, R$ 400 mil, segundo os delatores. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de inquérito contra os políticos. Maggi governou Mato Grosso entre 2003 e 2010; Zeca do PT governou Mato Grosso do Sul de 1998 a 2006. Os delatores da Odebrecht, João Pacífico e Pedro Leão, citaram os políticos. Pacífico afirmou que em 1999 a CBPO (Companhia Brasileira de Projetos e Obras) – que fazia parte do grupo Odebrecht – e a CNO (Construtora Norberto Odebrecht) detinham créditos perante os Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, respectivamente, por obras em rodovias. Pacífico então chamou o engenheiro Pedro Leão e disse para ele cobrar os créditos dos governos estaduais. Entre 1999 e 2003, Leão foi o responsável por desenvolver estudos de viabilidade para implementar projetos de infraestrutura na região e qualificar os créditos para a Odebrecht. Segundo Leão, Zeca do PT, então governador, disse que a empresa precisaria entrar na Justiça, apesar de reconhecer que havia a dívida. A empresa entrou na Justiça, ganhou, mas, até 2003 e 2004, o Estado dizia que não conseguia fazer o pagamento. Em 2004, governo do Mato Grosso do Sul e a CBPO fizeram acordo extrajudicial que previa pagamento em parcelas, mas que não foi pago integralmente.  A negociação com os Estados era conjunta. Leão disse que foi procurado por Éder de Moraes Dias, emissário de Blairo Maggi, em abril ou maio de 2006, que pediu R$ 12 milhões, o que equivalia a 35% do crédito da CNO a pretexto de contribuição de campanha. O pedido tinha o aval de Maggi e de seu secretário de infraestrutura, Luiz Antônio Pagot. Leão levou o assunto a Pacífico, que autorizou o pagamento por meio de caixa dois com dinheiro do setor de operações estruturadas – o "departamento de propina" da Odebrecht – a Éder de Moraes Dias. A operação teve o codinome "caldo", em referência a Maggi. Assim, "o governador Blairo Maggi sabia que tal contribuição estava vinculada aos recebimentos da CNO, que dependiam dos repasses da União, tratando-se inequivocadamente de propina, portanto", diz a Procuradoria-Geral da República no pedido de abertura de inquérito enviado ao Supremo. No Mato Grosso do Sul, Pedro Leão disse que os pagamentos foram feitos ao Zeca do PT e ao grupo político do PT no início de 2006 no valor de R$ 400 mil. Segundo ele, o codinome de Zeca era "pescador" e "mesmo depois da desistência à candidatura ele não devolveu o dinheiro". Zeca do PT não podia concorrer novamente ao governo do Estado e não se candidatou a outra vaga naquela eleição. Segundo os delatores, além de Zeca do PT, o ex-senador Delcídio do Amaral, que também era do PT, recebeu propina.

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