domingo, 16 de abril de 2017

Helicoptero que matou filho de Alckmin tinha peça vital desconectada


Thomaz Alckmin e os irmãos, Sophia e Geraldo 

O relatório final do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), vinculado à Aeronáutica, confirma que a queda de helicóptero que matou Thomaz Rodrigues Alckmin, filho do governador Geraldo Alckmin (PSDB), estava com componentes desconectados na hora da queda. O acidente ocorreu em abril de 2015, em Carapicuíba, na Grande SP, e matou também o piloto Carlos Haroldo Gonçalves e os mecânicos Paulo Moraes, Erick Martinho e Leandro Souza. A Aeronáutica já havia divulgado um parecer, em junho de 2015, em que apontava que a causa da queda havia sido um problema com os componentes. Segundo o relatório, os controles flexíveis (ball type) e alavancas (bellcranck), que são fundamentais para o piloto controlar a aeronave em vôo, estavam desconectados antes da decolagem. Uma das hipóteses é que o mecânico a bordo tenha se distraído, sem perceber a intercorrência. O documento aponta ainda falhas na organização de trabalho: "a rotina de trabalho dos profissionais da organização de manutenção era suscetível a interferências e interrupções que promoviam quebra na sequência das atividades desenvolvidas". 


O helicóptero estava em fase de testes e revisão quando caiu. Ele havia decolado de um heliponto em Carapicuíba e faria um vôo experimental, retornando ao ponto de origem, quando caiu sobre uma residência dentro de um condomínio na estrada da Fazendinha, em uma área nobre da cidade. O relatório da Polícia Civil, concluído no final do ano passado, apontava "negligência e imperícia por parte dos técnicos envolvidos na manutenção" e chegou a indiciar cinco pessoas, por homicídio culposo qualificado, homicídio culposo qualificado em coautoria, falso testemunho e alteração de imagens. O Ministério Público, porém, refutou a conclusão da polícia e, com aval da Justiça, decidiu continuar apurando o acidente por conta própria, suspendendo também os indiciamentos. Segundo a Promotoria, o perito da polícia não teria qualificação técnica. A empresa Helipark se pronunciou quando o primeiro relatório foi anunciado, dizendo que a hipótese de o helicóptero ter decolado com os componentes desconectados é absurda. "Equivalente a imaginar-se dirigir um automóvel com a barra de direção solta. Tratando-se de um helicóptero, o mero acionamento dos motores provocaria o tombamento lateral da aeronave ainda na pista". Na quinta-feira, a empresa reiterou que a conclusão do Cenipa é absurda e cobrou mais rigor na apuração: "As verdadeiras causas do acidente com o helicóptero PP-LLS, no dia 02 de abril de 2015, precisam ser devidamente apuradas, pois o relatório do Cenipa repete apressada manifestação de quase dois anos da autoridade aeronáutica, que é baseada em argumentação do fabricante da aeronave".

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