sexta-feira, 14 de abril de 2017

Estréia da companhia aérea Azul na bolsa foi um grande sucesso


A Azul, terceira maior companhia aérea brasileira, estreou com pompa na Bovespa na terça-feira, após uma oferta inicial de ações (IPO) que movimentou 2 bilhões de reais e marcou mais um capítulo na retomada das captações no mercado acionário brasileiro. O antigo pregão viva-voz da bolsa paulista recebeu decoração ao estilo da companhia, incluindo os salgadinhos oferecidos pela empresa em seus vôos, com recepcionistas vestindo o uniforme da linha aérea dando boas-vindas àqueles que atravessavam um túnel de embarque para acompanhar o tradicional toque do sino que dá início às negociações. O fausto também se traduziu em números. A operação atribuiu um valor de mercado de 2,4 bilhões de dólares (7,5 bilhões de reais) para a Azul. Além disso, a transação marcou o maior IPO desde a oferta da BB Seguridade, em 2013, bem como a primeira listagem dupla de companhia brasileira – São Paulo e Nova York – desde a oferta do Santander Brasil, em 2009. A ação chegou a avançar mais de 9% no melhor momento do dia em relação ao preço do IPO, de 21 reais, encostando no teto da faixa indicativa de 23 reais. A demanda por seus papéis superou cinco vezes o volume ofertado, considerando o preço de 21 reais por ação. “Nós estamos muito satisfeitos com o resultado”, afirmou o presidente da Azul, Antonoaldo Neves, acrescentando que a operação deixa a empresa criada em 2008 pelo empresário David Neeleman, mais forte para enfrentar os desafios do dia a dia. Desafios que não são poucos uma vez que o setor no País ainda passa por fraqueza de demanda em razão da recessão brasileira que já dura dois anos. Sobre isso, o presidente da Azul, que estava limitado pelo período de silêncio do IPO, comentou apenas que a empresa “está bastante segura” de que nas condições atuais sua equação demanda/oferta está equilibrada. Uma semana antes, o presidente da rival Avianca Brasil, Frederico Pedreira, havia afirmado que o setor ainda tem espaço para reduzir a oferta de assentos, já que a taxa de ocupação de vôos da indústria estava abaixo de 80%. Para o presidente da Azul, o resultado do IPO representa um momento importante, porque sinaliza que investir no Brasil voltou a ser atrativo. “Demonstra confiança dos investidores na retomada da economia e na superação da maior crise que nosso País já viveu”, afirmou o executivo à platéia que encheu o salão na B3. Os IPOs mais recentes na bolsa brasileira ocorreram em fevereiro, com a locadora de veículos Movida e o laboratório Instituto Hermes Pardini, mas as ofertas ocorreram em volumes mais tímidos, de 645,17 milhões e 877,7 milhões de reais, respectivamente. Um dos focos dos investidores que apostaram no IPO da Azul é o programa de fidelidade de 7 milhões de clientes da companhia, TudoAzul, mas Neves não deu detalhes sobre os planos da empresa nesta frente. As rivais Gol e TAM há anos exploram seus programas de fidelidade por meio da criação das empresas Smiles e Multiplus. No prospecto do IPO, a Azul disse que busca seguir “investindo no crescimento do TudoAzul e avaliando oportunidades para expandir o valor desse ativo estratégico”. A listagem da Azul adiciona, na bolsa brasileira, um novo concorrente em um setor formado apenas pela Gol, desde 2012, quando a TAM saiu da bolsa após a fusão com a Latam. Os papéis da Azul fecharam o dia com alta de 6,67%. A notícia de que o governo desistiu da medida provisória que permitiria a abertura de 100% do capital das companhias aéreas nacionais a estrangeiros derrubou a cotação nos minutos finais do pregão. Em vez de MP, o governo deve encaminhar um projeto de lei ao Congresso. A estreia das ações da Azul não teve exatamente um vôo de cruzeiro. A previsão era de que as ações começassem a negociar no nível 2 da Bovespa na última sexta-feira, mas a operação foi suspensa um dia antes pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que apontou irregularidades, como divulgação de materiais de apresentação da operação na Internet. O IPO da Azul também ocorreu após três tentativas. A última, em junho de 2015, tinha sido abortada, assim como das primeiras vezes, pelo cenário adverso do mercado na época. No evento da Azul na bolsa, o presidente da B3, Edemir Pinto, afirmou que 2017 deve encerrar com 17 ofertas de ações entre operações de abertura de capital ou ofertas subsequentes, com o valor movimentado no total podendo superar sua estimativa de 25 bilhões de reais. Para que isso se confirme, ele vê como essencial a aprovação da reforma da Previdência, que ajudará na retomada da confiança, principalmente de investidores estrangeiros. 

Nenhum comentário: