domingo, 16 de abril de 2017

"É o torto pedindo ao aleijado", disse Emílio Odebrecht, aos risos, sobre relação com governo Dilma

Em depoimento de colaboração premiada, o patriarca da Odebrecht, Emílio Odebrecht, tentou descontrair o ambiente no momento em que se referia à situação da empreiteira após o início das investigações, e também do governo Dilma Rousseff, meses antes do impeachment. O procurador que conduzia o depoimento questionou Emílio Odebrecht se o então ministro Jaques Wagner (Casa Civil) pediu alguma contrapartida à empresa em troca da edição da Medida Provisória (MP) 703/2015, que tratava dos acordos de leniência


Emílio admitiu que se reuniu com Jaques Wagner para pedir a intervenção do governo a favor do estabelecimento de uma legislação para este tipo de acordo, mas disse que não foi feita qualquer proposta de contrapartida por parte de Jaques Wagner. “Não (houve pedido de contrapartida). Até porque nós estávamos muito fragilizados. Eles estavam, mas nós estávamos muito mais (risos). É o torto pedindo ao aleijado”, disse Emílio, aos risos. Neste momento, o advogado que acompanhava Emílio Odebrecht o olhou desconcertado com a brincadeira. Emílio o repreendeu: “Tenho que ser Emílio, se não for eu, transparente como sou...” O procurador entrou na conversa e disse para o empresário ficar à vontade e não se reprimir. Dando tapinhas na perna do advogado, Emílio ainda completou, dando demonstração da intimidade que tem com seu defensor: “Ele foi meu filho adotivo, criado com meus filhos. Amigo da Mônica e do meu filho caçula”. O advogado apenas sorriu, constrangido. A MP em questão chegou a ser editada, mas acabou caducando, sem ser aprovada pelo Congresso. Antes mesmo de a medida perder a validade, Emílio Odebrecht começou a negociar sua delação premiada com as autoridades do Ministério Público. “A decisão nossa foi por convicção. Não foi o problema da MP caducar ou não. A reação (contrária à medida) é que nos fez repensar. Concomitante com os programas todos de busca e apreensão, com uma série de fatores. Não foi porque ela ia ou não ia ser aprovada. Foi a reação”, explica Emílio. 

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