O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), e homens de sua confiança, pediram um total de R$ 17,1 milhões em doações não contabilizadas, ilegais (caixa 2), para representantes da Odebrecht entre 2010 e 2015. O destino dos valores seria campanhas de Colombo e de outros candidatos da cúpula do PSD catarinense, de acordo com os relatos de colaboração premiada de dois ex-executivos da Odebrecht Ambiental, braço de saneamento da construtora. O resultado das delações, feitas através da operação Lava-Jato, foi encaminhado na terça-feira (11) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, para análise do Superior Tribunal de Justiça, devido à prerrogativa de foro de Raimundo Colombo. O governador catarinense pediu dinheiro em diversas oportunidades para companhas próprias e de outros candidatos do PSD nas eleições de 2010, 2012 e 2014, de acordo com a íntegra das petições liberadas pelo STF com trechos das delações de ex-diretores da Odebrecht. Os documentos disponibilizados na tarde de quarta-feira revelam que, além dos ex-secretários José Carlos Oneda e Ênio Branco, os deputados estaduais pessedistas Gelson Merisio e José Nei Ascari, e o atual secretário de Estado de Assuntos Estratégicos, Cesar Souza Júnior, são citados pelos ex-diretores da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis e Paulo Roberto Welzel. Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, delatou que foi procurado em 2010 por Ênio Branco para pedir doações de campanha para Colombo, que era senador e iria pleitear a vaga no Executivo estadual. De acordo com Fernando, Ênio pediu que as contribuições fossem "não contabilizadas", pois Colombo "disse preferir não ter a empresa como doadora oficial". No relato de Paulo Welzel, um encontro teria ocorrido entre ele, Fernando Reis, Raimundo Colombo e Ênio Branco em "meados de 2010" na sala VIP do banco HSBC do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde o futuro governador teria pedido dinheiro para a campanha: "Ao final da reunião, Raimundo Colombo requereu a Fernando Cunha Reis contribuição a sua campanha eleitoral no valor de R$ 2 milhões". O apoio fora do alcance da Justiça Eleitoral estaria relacionado à intenção de privatizar a Casan, com provável interesse de participação da Odebrecht Ambiental. Os delatores narram as etapas da negociação, que incluíram mudanças na legislação propostas pelo Executivo para viabilizar a venda de ações da concessionária de saneamento. No entanto, o baixo valor de mercado esfriou o negócio nos anos seguintes. O assunto foi retomado em 2014 e, ao que indica Fernando, encerrado em agosto de 2015, quando ele foi convidado a ir à Casa d'Agronômica, "já após a prisão dos executivos da Odebrecht". Na ocasião, ele conta na delação: "Manifestei que possivelmente a Odebrecht Ambiental já não teria condições de investir R$ 400 milhões na Casan". Nos relatos de colaboração premiada, os ex-diretores ainda mencionaram pedidos de dinheiro feitos por Ênio Branco e Antônio Gavazzoni para as eleições de 2012, em apoio ao candidato à prefeitura de Florianópolis, Cesar Souza Junior, e em 2014 para campanhas dos deputados Gelson Merisio, apelidado de "Cunhado", e José Nei Ascari, chamado de "Herdeiro". Todos são do PSD. 

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