sexta-feira, 14 de abril de 2017

Contratos de empreiteiras investigadas na Lava-Jato somam quase R$ 40 bilhões no Rio Grande do Sul

Somam R$ 38,95 bilhões os contratos mantidos no Rio Grande do Sul pelas empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato. A maior parte dos valores (92,5%) refere-se a compromissos firmados pelas empresas com a Petrobras em obras e encomendas relacionadas aos pólos navais gaúchos. Os maiores volumes de negócios envolvem os estaleiros em Rio Grande, no sul do Estado. No Honório Bicalho, controlado por Queiroz Galvão e Iesa Óleo e Gás, duas plataformas estão em construção, em contratos no valor de R$ 3 bilhões. Em 2013, o grupo entregou outras três plataformas à Petrobras, ao preço total de R$ 12,8 bilhões. Nos Estaleiros Rio Grande (ERG) 1 e 2, os contratos chegam a R$ 15,1 bilhões. Apesar da grandiosidade das cifras, um clima de apreensão aflige trabalhadores da indústria naval. Se as empresas envolvidas no escândalo forem declaradas inidôneas pela Controladoria-Geral da União, poderiam ficar de fora de disputa de futuros contratos. Conforme o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, caberá ao administrador de um contrato em andamento avaliar a conveniência da rescisão, sendo necessário analisar se o prejuízo de romper será ou não maior do que o prejuízo em se manter o negócio. Além dos empreendimentos nos pólos navais, estão nas mãos de empresas investigadas pela Policia Federal obras aguardadas há décadas pela população gaúcha: a duplicação de trechos da BR-116, executada pelo Constran, do grupo UTC Engenharia, e a segunda ponte do Guaíba, em execução pela Queiroz Galvão. Em relação a companhias envolvidas na Lava-Jato, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que "uma empresa fica impossibilitada de contratar com órgãos públicos a partir do momento em que é decretada inidônea". Sobre contratos em andamento, as consequências podem ser a interrupção de uma obra, acrescenta o Dnit. Outro empreendimento relevante para os gaúchos, a extensão do Trensurb até Novo Hamburgo, foi executada pelo Consórcio Nova Via, que tem a Odebrecht como uma de suas integrantes. O trecho já opera desde maio passado. A construtora Queiroz Galvão e a Odebrecht Transport estão entre as quatro empresas que, em abril, apresentaram propostas que irão guiar o edital para construção do metrô de Porto Alegre. Mas o gerente do Escritório MetrôPOA, Luís Cláudio Ribeiro, diz que, como as sugestões são "apenas uma contribuição", não há risco de as investigações comprometerem o projeto do metrô. A construção, prevista para começar em 2015, deve custar R$ 4,8 bilhões. Ainda conforme dados do Portal Transparência, os governos federal e estadual já efetuaram, pagamentos de R$ 105,6 milhões, neste ano, a empresas investigadas na Lava-Jato. Na esfera federal, o Dnit rescindiu o contrato com a Engevix Engenharia para a construção da segunda ponte do Guaíba, após decidir licitar a obra pelo regime diferenciado de contratações. De acordo a assessoria da imprensa, o órgão "aproveitou os estudos realizados pela Engevix para a elaboração do anteprojeto", pelos quais pagou R$ 3,7 milhões (de um total de R$ 5,7 milhões previstos no contrato). 

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