domingo, 2 de abril de 2017

Catedral enche em Três Passos na missa em lembrança de Bernardo Boldrini, o menino assassinado há três anos por sua madrasta


Em uma missa na noite deste sábado (1) foi relembrado o menino Bernardo Boldrini, assassinado em abril de 2014. A cerimônia ocorreu na Igreja Santa Inês em Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul, onde ele vivia com a família. Mais de 400 pessoas participaram da missa, o que deixou a igreja lotada. Durante a cerimônia, o padre propôs aos fiéis uma reflexão sobre o crime. "O que se faz com quem maltrata e mata criança? Com reflexões sobre tudo o que aconteceu e sobre como cada um pode ajudar a fazer a justiça acontecer", observou o padre. Os acusados da morte de Bernardo Boldrini são o pai dele, o médico Leandro Boldrini; a madrasta do menino Graciele Ugulini, a amiga dela, Edelvânia Wirganowicz, e o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganowicz. Os quatro estão presos. Em agosto de 2015, a Justiça decidiu que eles vão a julgamento popular. As defesas ingressaram com vários recursos, que foram negados, o que acabou atrasando o andamento do processo e definição de uma data e local para o julgamento popular. A defesa de Leandro Boldrini entrou com um recurso junto ao Superior Tribunal de Justiça, que negou o pedido na sexta-feira (1). Esta é a última alternativa da defesa para evitar o júri, mas ainda cabe recurso. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investigou e concluiu que o menino morreu em razão de uma superdosagem do sedativo midazolan. Graciele e Edelvânia teriam aplicado o medicamento que levou o garoto à morte. Depois, as duas teriam recebido ajuda de Evandro para cavar a cova e ocultar o cadáver. A denúncia do Ministério Público ainda apontou que o pai Leandro Boldrini foi o mentor de todo o crime. A Justiça decidiu pelo julgamento popular para os quatro. Bernardo foi visto vivo pela última vez no dia 4 de abril de 2014. No início da tarde daquele dia, uma sexta-feira, Graciele foi multada por excesso de velocidade na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen, que fica a cerca de 80 quilômetros de distância de Três Passos, onde a família residia. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino. Bernardo morava com o pai, a madrasta e a filha do casal, à época com cerca de um ano, em uma casa em Três Passos. A mãe do menino, Odilaine, foi encontrada morta dentro da clínica do então marido em fevereiro de 2010. À época, a polícia concluiu que ela cometeu suicídio com um revólver. A defesa da mãe dela, Jussara Uglione, contestou a versão. O inquérito foi reaberto. Concluído em março deste ano, a nova investigação não apontou indícios de homicídio. Para a polícia, Odilaine se matou. A relação do pai e da madrasta com Bernardo era conturbada. Vídeos gravados no celular do pai e recuperados durante a investigação da morte do menino mostram brigas na casa da família e evidenciam a tensão doméstica entre os três. Em um deles, o menino grita por socorro, e discute com Graciele, que o ameaça. Em outro, o garoto pega um facão na mão, e é provocado pelo pai. As imagens são de 2013, um ano antes da morte de Bernardo. Imagens de uma câmera de segurança de um posto de combustíveis mostram os últimos momentos de Bernardo com vida. Ele aparece deixando a caminhonete da madrasta, e saindo com ela e com Edelvânia. Quase duas horas depois, as duas retornam para o mesmo local, mas sem Bernardo. O vídeo foi decisivo para as investigações, porque mostra a madrasta chegando com Bernardo e retornando sem ele, esclarecendo também a participação de Edelvânia no caso, que dias depois revelou o local onde o garoto foi enterrado. O menino foi dado como desaparecido. O pai procurou a polícia para registrar o sumiço do filho no dia 6 de abril, um domingo. O corpo dele foi encontrado no dia 14 de abril, enrolado em um saco plástico e enterrado em uma cova rasa, em um matagal de Frederico Westphalen. Para a Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem do sedativo midazolan. Graciele e Edelvânia teriam aplicado o remédio que causou a morte do garoto e depois teriam recebido a ajuda de Evandro para cavar a cova e enterrar o corpo. A denúncia do Ministério Público ainda apontou que o pai atuou como mentor do crime, juntamente com Graciele. 

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