terça-feira, 18 de abril de 2017

Aécio Neves pediu R$ 6 milhões via caixa 2 para campanhas de aliados, diz delator

O ex-executivo da Odebrecht, Benedicto Júnior, disse em depoimento na delação premiada que o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), pediu à construtora doação de R$ 6 milhões via caixa 2 para a campanha eleitoral de 2014. Ainda segundo Benedicto, Aécio distribuiu essa quantia para aliados que eram candidatos. O próprio Marcelo Odebrecht atestou que nunca houve nenhum tipo de contrapartida para as doações eleitorais que a empresa fez ao senador Aécio Neves e que as doações feitas à campanha dele em 2014 foram oficiais. Os beneficiados pelo dinheiro pedido por Aécio, segundo Benedicto, foram: Antonio Anastasia (PSDB-MG), que se candidatou ao Senado; Dimas Fabiano Toledo (PP-MG), que concorreu à Câmara; e Pimenta da Veiga (PSDB-MG), político derrotado na corrida ao governo de Minas em 2014. O depoimento de Benedicto faz parte dos mais de mil arquivos de vídeos com as delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht. Os depoimentos se tornaram públicos na semana passada, quando também saiu a lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, com pedidos de inquéritos para investigar os políticos citados. O ex-executivo contou aos investigadores que foi procurado por Aécio por volta de abril ou março de 2014. A conversa, segundo ele, foi "provavelmente" no apartamento de Aécio, na Avenida Vieira Souto, Zona Sul do Rio de Janeiro. "Em torno de março e abril de 2014, fui procurado pelo senador Aécio Neves que me pediu que eu programasse uma ajuda de campanha, de forma de caixa 2, para um grupo de candidatos que faziam parte da base, a qual ele liderava. Nominalmente, o candidato ao Senado doutor Antonio Anastasia; candidato a governador Pimenta da Veiga; e candidato a deputado federal por Minas Gerais Dimas Fabiano Júnior", afirmou Benedicto no depoimento. Ele afirmou ainda que metade da quantia, R$ 3 milhões, foi dividida em 12 parcelas de R$ 250 mil e repassadas a uma pessoa chamada Anderson, um intermediário ligado a Dimas Fabiano Júnior, segundo o delator. De acordo com Benedicto, os outros R$ 3 milhões foram divididos em três parcelas de R$ 1 milhão, entregues em um endereço de Belo Horizonte. Segundo relatou Benedicto, a Odebrecht "enxergava" que, ao atender o pedido de Aécio, teria "atendimento pleno das necessidades" da empresa. O delator disse que executivos da empresa tinham "prioridade" na agenda de Aécio. “Todas as vezes que, ou eu ou o Marcelo, pedimos para ser recebidos por Aécio, a gente conseguia marcar a reunião e era recebido”, disse. Nesse depoimento, ele não especificou exemplos de contrapartidas que obteve de Aécio. O delator contou que a Odebrecht não procurou Anastasia, Dimas Toledo e Pimenta da Veiga e que a empresa não recebeu, dos candidatos, benefícios pelas doações.

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