sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Vale sai do prejuízo e registra lucro de R$ 13,3 bilhões em 2016


Com maiores preços do minério de ferro e recordes de produção, a Vale registrou em 2016 lucro de R$ 13,3 bilhões, revertendo um prejuízo de R$ 44,2 bilhões no ano anterior, quando realizou uma série de baixas contábeis no valor de seus ativos. Com o desempenho, a empresa anunciou que vai propor o pagamento de R$ 4,6 bilhões em remuneração a seus acionistas, além dos R$ 856 milhões já antecipados em dezembro. "Com uma produção muito forte e, com a recuperação dos preços, já era previsto que a Vale teria um quarto trimestre muito forte e fecharia o ano com chave de ouro. Foi isso o que aconteceu", disse, em vídeo gravado no site da companhia, o diretor financeiro, Luciano Siani. 


No quarto trimestre, a empresa teve lucro líquido de R$ 1,4 bilhão. O valor, porém, sofreu impacto de ajustes de R$ 3,9 bilhões nos ativos da companhia por causa da venda de negócios durante o ano. Considerando apenas o resultado dos ativos em operação, o lucro trimestral teria sido de R$ 5,5 bilhões. No quarto trimestre de 2015, a empresa registrou um prejuízo de R$ 33,1 bilhões, provocado principalmente por baixas contábeis no valor de ativos. Siani destacou a geração de caixa medida pelo indicador Ebitda (que é o lucro antes do pagamento de juros, impostos e outras taxas): no quarto trimestre, somou R$ 11 bilhões, o maior valor desde o final de 2013, quando o minério estava em US$ 134,8 por tonelada. Em 2016, a média de preços do minério foi de US$ 54,4 por tonelada, 22% acima do registrado em 2015. A commodity teve grande valorização a partir do final do ano e hoje é vendida por mais de US$ 90,00 por tonelada. A companhia espera que os preços permaneçam altos em 2017, diante do crescimento da demanda por aço e da escassez de novos projetos de mineração. 


"O cenário indica um preço nitidamente acima dos US$ 60,00 e, talvez, de US$ 80,00 para cima na média do ano", disse, em teleconferência com analistas, o diretor de metais ferrosos da companhia, Peter Popinga. Analistas do mercado, porém, consideram que os preços atuais são insustentáveis. Em 2016, a Vale produziu 348,8 milhões de toneladas de seu principal produto, o maior valor já registrado. Houve recordes também na produção de níquel (311 mil toneladas), cobre (453,1 mil toneladas), cobalto (7.799 toneladas) e ouro (483 mil onças-troy). A meta da companhia é atingir a barreira de 400 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, com o crescimento da produção no projeto S11D, no Pará, que entrou em operação no final de 2016. Popinga disse que, com a ampliação do projeto, a Vale será responsável por 50% do volume novo de minério que entrará no mercado. Assim, a empresa terá papel importante na variação de preços no mercado. "A Vale vai se comportar de forma conservadora e responsável, sempre maximizando a sua própria margem", afirmou. Sem novos projetos de expansão, os focos serão aumentar a capacidade do S11D e reduzir o endividamento, que fechou 2016 em US$ 25 bilhões, praticamente no mesmo patamar registrado em 2015. De acordo com o presidente da companhia, Murilo Ferreira, a meta é alcançar um valor entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões. Os investimentos da companhia foram de US$ 5,2 bilhões, queda de US$ 2,9 bilhões com relação ao verificado em 2015. Durante o ano, a empresa vendeu US$ 3,8 bilhões em ativos, como navios e operações de fertilizantes. No acumulado do ano, a Vale teve receita líquida de R$ 94,6 bilhões, aumento de 21,2% com relação ao registrado em 2015. A geração de caixa foi de R$ 40,9 bilhões, alta de 88%. Ferreira disse que a companhia permanece trabalhando para que a mineradora Samarco, fechada desde o rompimento da barragem de Fundão, no fim de 2015, volte a operar no terceiro trimestre deste ano. A idéia inicial é dispor os rejeitos da mina de Mariana (MG) em uma cava (buraco aberto pela exploração mineral), dentro da própria área da Samarco, por dois ou três anos. Depois, seria uma cava da Vale, chamada Timbopeba, que permitira a operação sem necessidade de barragens. "Tem sido uma discussão muito bem sucedida, já tivemos algumas audiências públicas e está em fase de discussão avançada. Mas dependemos de fatores externos", comentou o presidente da Vale, que divide o controle da Samarco com a BHP Bilinton.

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