quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Peemedebista Sérgio Cabral admite em audiência judicial que usou helicóptero do governo para viagens particulares

O ex-governador do Rio de Janeiro, o peemedebista Sérgio Cabral, afirmou na terça-feira (21) durante audiência à Justiça, que usou helicópteros do governo para viagens particulares ao condomínio em Mangaratiba, a 85 quilômetros da capital fluminense, onde tem uma residência. Ele justificou o uso do aparelho por questão de segurança. “Chegavam a toda hora ameaças a mim e a minha família”, disse Sérgio Cabral na audiência, realizada por meio de videoconferência, direto do Complexo de Gericinó, Bangu 8, onde está preso desde o dia desde 17 de novembro do ano passado. A declaração foi feita ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em sessão presidida pela juíza Luciana Losada Albuquerque Lopes, da 8º Vara de fazenda Pública, decorrente da Ação Popular movida pelo procurador aposentado Cosmo Ferreira, que apura se houve excessos no uso das aeronaves durante os mandatos de Sérgio Cabral. Ainda nessa audiência, Sérgio Cabral disse que chegou a fazer mais de um vôo no mesmo dia para levar os filhos, a mulher Adriana Ancelmo, a babá e o cachorrinho. Ele destacou que não havia proibição da área de segurança para que a família viajasse em separado e que os horários diferentes se deviam à sua agenda de trabalho. “Eles iam mais cedo porque as vezes eu tinha que ficar trabalhando até mais tarde”, disse à juíza. O autor da Ação Popular, Cosmo Ferreira, perguntou se, além da família, os helicópteros transportaram convidados à Mangaratiba. Sérgio Cabral respondeu que alguns vôos levaram integrantes do governo que iam despachar com ele. O ex-governador acrescentou que, em agosto de 2013, editou um decreto que regulamentou o uso de helicópteros por integrantes do governo. Antes disso, segundo ele, não havia qualquer determinação legal sobre a utilização das aeronaves. O subsecretário adjunto de Operações Aéreas do governo estadual, coronel Marcos César, que desde 1990 trabalha na área de transporte do Palácio Guanabara, sede do governo estadual, disse que o uso do helicóptero foi recomendado pelo setor de segurança porque no trajeto até Mangaratiba o governador precisaria passar por algumas regiões perigosas, incluindo a Avenida Brasil. De acordo com o coronel um levantamento feito pela segurança indicou que o custo de um comboio para acompanhar o deslocamento de Sérgio Cabral por via terrestre custaria R$ 6 mil, enquanto com a aeronave o custo ficaria em R$3,5 mil. O subsecretário militar da Casa Civil do governo, coronel Fernando Paraíso, revelou que a decisão de ir de helicóptero era sempre de Sérgio Cabral, mas quando ele preferia ir de carro a operação de segurança tinha que ser ampliada. “Para nós era mais dispendioso, porque usávamos quatro carros, motocicletas e efetivo maior”, disse. O coronel informou ainda que, quando o ex-governador ia passar o fim de semana em Mangaratiba, os integrantes da segurança eram instalados em pousadas próximas e chamados caso necessário. O piloto André Alcântara que transportou o ex-governador e a família durante o primeiro mandado de Sérgio Cabral, que começou em 2007, confirmou que houve situações em que os vôos saíam do Rio com até 10 minutos de diferença, porque três aeronaves ficavam à disposição dele para o deslocamento, que podia ser feito sem a presença de Sérgio Cabral. Depois da audiência, o procurador aposentado Ferreira disse que resolveu entrar com a ação popular como cidadão e por não ver nenhuma providência do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre o uso dos helicópteros. “Entendo que essas viagens são ilegais. Uso da utilização da coisa pública em caráter privado, não é possível. Estes vôos são caríssimos”, indicou. Ferreira contestou ainda a justificativa de segurança. “Não tem o menor sentido. Se o governador se sentia ameaçado, o mais prudente seria que ele não fosse para Mangaratiba”, apontou. Para ele, a questão não se restringe se é mais barato ou mais caro, mas ao uso indevido de uma aeronave. “A questão está no motivo desse deslocamento, que não faz sentido. Nenhum servidor pode usar a coisa pública em caráter privado. O governador não ia lá para despachar com ninguém, ia por lazer. Então, por lazer, que ele utilizasse os seus recursos privados e não a coisa pública”, completou. (AB)

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