quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Ministério da Defesa manda mais soldados para o Espírito Santos e monitora outros Estados em crise de segurança


O ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), disse ter autorizado a ida de mais 550 homens das Forças Armadas para o Espírito Santo, atendendo ao pedido do governador em exercício, César Colnago (PSDB). Disse também que outros 100 homens da Força Nacional estão sendo enviados para lá, a fim de prestar segurança, só que no interior do Estado. Com isso, o número de militares federais reforçando a segurança sobe para 1850.

Há cinco dias, o caos se instalou no Espírito Santo, após o início do motim de policiais militares, que estão aquartelados e sem fazer o patrulhamento nas ruas desde então. Para Jungmann, “o policial que, mesmo com justa reivindicação, permite que cidadãos inocentes sejam assassinados, quer saiba, quer não, se alia aos criminosos, a quem deveria combater”.

Depois de classificar a greve como “um duplo desrespeito”, o ministro explicou: “Primeiro, desrespeito ao compromisso do policial de proteger vida e integridade das pessoas. Em segundo lugar, desrespeito ao cidadão contribuinte que, em última análise, paga os salários dos policiais”, afirmou. De acordo com ele, “por mais justa que seja a reivindicação, ela não pode nunca, nunca, possibilitar atentar contra a vida e a segurança, que são a razão de ser das polícias e dos policiais”.

A preocupação do governo diante da situação no estado aumentou, com a decisão de parte da Polícia Civil de paralisar os trabalhos até a meia-noite de hoje, em protesto contra a morte de um colega de trabalho, quando se deslocava para casa. Por causa da insegurança e da criminalidade, mais uma vez, as ruas de Vitória (ES) amanheceram vazias nesta quarta-feira, com o comércio fechado e boa parte da população assustada, sem sair de casa. Segundo o ministro, apesar de, inicialmente, o decreto que autoriza a ida das tropas federais a permanecer no Estado ter prazo de dez dias, esse período pode ser estendido. “Se for necessário, prorrogaremos, sem problemas”, avisou.

De acordo com ele, as informações que chegaram ao governo federal apontam que já houve redução dos homicídios e de número de arrastões com a chegada dos militares às ruas – desde sábado, início da crise, 95 pessoas foram mortas no Estado. Os 650 homens autorizados nesta quarta-feira se juntarão aos mil homens do Exército, que já estão lá, e aos 200 da Força Nacional.

Jungmann evitou falar de uma preocupação que existe no Palácio do Planalto com a possibilidade de o movimento dos PMs do Espírito Santo servir de estímulo aos policiais militares de outros Estados, provocando um efeito cascata. Segundo ele, o governo está “monitorando” a situação em todas as unidades da federação.

Em relação ao Rio de Janeiro, onde já existem advertências de PMs sinalizando que podem parar também a partir da próxima sexta-feira, por causa do atraso nos pagamentos dos salários, Jungmann advertiu que “são falsas” as notícias que estão sendo divulgadas pelas redes sociais. “Isso é uma atitude criminosa”, afirmou ele, acrescentando que conversou com o ministro da Justiça interino, José Levi do Amaral, sobre a possibilidade de colocar a Polícia Federal e a própria polícia estadual “no encalço desses criminosos que estão tentando disseminar estas notícias de greve no Rio de Janeiro para causar pânico à população”.

O ministro lembrou que o Ministério da Justiça já estava monitorando isso e está empenhado em descobrir quem são as pessoas que estão assustando a população. De acordo com ele, não há previsão de envio de tropas federais ao Rio de Janeiro e ele acredita que a situação será contornada, já que o governo do estado lhe informou que está liberando o pagamento de salários atrasados para a área de segurança.

Na manhã desta quarta-feira, a própria Polícia Militar do Rio de Janeiro informou, em nota, que são falsas as informações que convocam a categoria para uma paralisação na sexta-feira a partir das 6 horas. A direção da PM apelou ainda para que a tropa reflita sobre medidas que possam causar danos irreparáveis à sociedade e procurem outra forma de reivindicar seus direitos.

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