sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Ex-secretário da socialite senadora Marta Suplicy é apontado em delação por corrupção no Peru



Um depoimento prestado em acordo de delação premiada pelo principal ex-executivo da construtora propineira Odebrecht no Peru aponta o envolvimento do ex-secretário de Comunicação da Prefeitura de São Paulo na gestão da socialite Marta Suplicy (2001-2005), Valdemir Garreta, em um esquema de "caixa dois" da campanha presidencial peruana de 2011. Segundo o brasileiro Jorge Barata, ex-executivo da Odebrecht, foi para Garreta, homem forte da Comunicação na gestão de Marta Suplicy quando a senadora do PMDB ainda estava no PT, que a empreiteira fez pagamentos destinados à campanha do então candidato esquerdista Ollanta Humala, que viria a ser eleito presidente do Peru em 2011. O conteúdo do depoimento de Barata foi revelado por órgãos da imprensa do Peru entre quarta-feira (22) e quinta-feira (23), como o jornal "El Comercio", de Lima, e a revista "Caretas". Em janeiro de 2011, Garreta, junto com o ex-marido de Marta Suplicy, o gardelão argentino Felipe Belisario Wermus, vulgo Luis Favre, ex-dirigente da 4ª Internacional trotskista, e que também se diz publicitário, atuaram no marketing da campanha presidencial de Humala. Segundo "El Comercio", Barata recebeu em meados de 2010, durante a campanha presidencial, uma missão de seu chefe, Marcelo Odebrecht, para destinar US$ 3 milhões para a campanha de Humala. A ajuda à campanha teria sido um pedido do então poderoso chefão da orcrim petista e presidente Lula. Conforme "El Comercio", Barata disse que dias depois recebeu uma ligação telefônica de Garreta para tratar do pagamento. Depois Barata e Garreta se reuniram no hotel Meliá do Jardim Europa, em São Paulo. Barata disse que na reunião ele acertou que os pagamentos para a campanha de Humala seriam feitos por meio de Garreta. Na ocasião, o brasileiro comentou que também conhecia Fernando Migliaccio, outro operador da Odebrecht, hoje preso na Suíça, apontado pela Operação Lava Jato como responsável por inúmeros pagamentos de propina. Barata disse que também se reuniu com Ollanta e sua mulher, Nadine Heredia, para tratar dos pagamentos por meio de Garreta. O executivo brasileiro confirmou que as iniciais "OH", que aparecem, ao lado de valores, em tabelas apreendidas em poder de funcionários da Odebrecht ligados a Fernando Migliaccio, são realmente uma referência a Ollanta Humala — uma antiga suspeita da Operação Lava Jato agora confirmada por depoimento de um delator. Pelo sistema que envolvia Garreta, segundo Barata, foi pago "cerca de US$ 1 milhão em três meses". Depois dessas primeiras remessas, contudo, Nadine procurou Barata para dizer que precisava de mais dinheiro para cobrir os gastos da campanha presidencial. Barata pediu mais dinheiro ao departamento controlado por Migliaccio. Ele passou a receber "remessas de US$ 300 mil" no escritório da Odebrecht em Lima. Barata afirmou ainda que entregava os recursos pessoalmente para Nadine. 


Garreta entrou na campanha de Humala por indicação de um empresário peruano e levou Luis Favre para trabalhar no pleito. Depois da campanha, a dupla continuou atuando como consultora de comunicação de Humala. Ex-dirigente do PT, Garreta se desfiliou do partido em 2013, passando a se dedicar a atividades de comunicação e marketing. Entre os principais clientes de sua empresa estava a empreiteira OAS, que tem o empreiteiro propineiro Léo Pinheiro, hoje preso em Curitiba, como um dos sócios. No período em que pertenceu à sigla, foi secretário da prefeitura da gestão de Marta Suplicy (2001-2004). Também integrou a executiva nacional entre 2006 e 2007. Depois de deixar o PT, Garreta atuou em campanhas de filiados, como a do atual senador, Lindbergh Farias, ao governo do Rio de Janeiro. Sem receber pagamento pelo trabalho, entrou com uma ação contra o partido ano passado. 

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