quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Em desempate inédito, Senado americano aprova nome da indicada de Trump para a Educação

Com um inédito desempate pelo vice-presidente americano, o Senado dos EUA aprovou nesta terça (7) o nome da filantropa Betsy DeVos, 59, como secretária de Educação. Apesar de os republicanos terem uma maioria de 52 dos 100 assentos do Senado, DeVos só obteve 50 votos favoráveis à sua indicação — e 50 contra.

O empate, o primeiro numa nomeação para o gabinete presidencial na história dos EUA, foi superado com o voto favorável do vice-presidente Mike Pence —que, pela legislação americana, é também o presidente do Senado. Os vice-presidentes podem votar apenas em situação de empate. A última vez que um deles precisou desempatar uma votação foi em 2008, quando o republicano Dick Cheney deu seu voto em um projeto de lei sobre impostos.

Os dois votos republicanos contrários a DeVos foram de Susan Collins, do Maine, e Lisa Murkowski, do Alasca. Os democratas chegaram a fazer uma "vigília" durante a madrugada desta terça-feira, com um revezamento de discursos, na tentativa de conseguir converter mais algum voto republicano e barrar a nomeação.

A principal crítica a DeVos é que a bilionária ativista educacional, que defende a política de "vouchers" para que os pais possam matricular seus filhos em escolas privadas, vá enfraquecer o ensino público. Hoje, cerca de 90% das crianças que estudam frequentam as quase 100 mil escolas públicas nos EUA.

As escolas particulares cobram anuidade e são a opção escolhida especialmente por quem quer matricular os filhos num tipo específico de ensino, como os religiosos. Ativistas e profissionais de educação citam o fato de DeVos nunca ter trabalhado com educação e dizem temer sua falta de familiaridade com o ensino público.

Pouco depois da aprovação, Trump disse que o voto em DeVos foi "um voto para que cada criança tenha a chance de uma educação de primeira classe". A nova secretária tomará posse ainda nesta terça. Mesmo com maioria republicana no Senado, Trump tem enfrentado resistência em confirmar seus indicados.

Dos 23 indicados por Trump que precisam de confirmação do Senado —entre secretários e diretores de agências—, apenas sete foram aprovados, com DeVos: os secretários de Estado (Rex Tillerson), de Defesa (James Mattis), de Segurança Nacional (John Kelly) e de Transportes (Elaine Chao), além do diretor da CIA (Mike Pompeo) e da embaixadora na ONU (Nikki Haley). Obama, no mesmo período, já tinha 16 nomes aprovados.

Os senadores republicanos têm criticado os democratas por tentarem atrasar a formação deste governo. Os opositores, por sua vez, dizem que a culpa é de Trump, que escolheu nomes controversos para as pastas. Nesta semana, são esperadas as votações das nomeações de secretário de Justiça (o senador pelo Alabama Jeff Sessions), de secretário de Saúde (o deputado da Geórgia Tom Price) e de secretário do Tesouro (o banqueiro Steven Mnuchin).

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