quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Eduardo Cunha se nega a fazer exame médico para provar que tem o alegado "aneurisma de Marisa Letícia"


O ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara, deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou-se a passar por um exame médico para comprovar que ele tem um aneurisma (dilatação anormal de um vaso sanguíneo) como o da petista Marisa Letícia, como afirmou em depoimento prestado na terça-feira ao juiz Sergio Moro, durante audiência relativa a processo em que é réu na Operação Lava Jato. Após depor por três horas na Justiça Federal em Curitiba, Eduardo Cunha leu uma carta de próprio punho na qual afirma que tem o problema – o mesmo que tinha a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, mulher do poderoso chefão da organização criminoso petista Lula, que morreu na última sexta-feira – e que não teria condições de se tratar na cadeia, onde ele está preso. Segundo Luiz Alberto Cartaxo de Moura, diretor do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen-PR), os médicos convocaram Eduardo Cunha nesta manhã para realizar uma tomografia “capaz de dizer se efetivamente ele é portador dessa enfermidade”, mas ele não aceitou. “O custodiado se negou terminantemente a fazer os exames”, disse. De acordo com ele, a recusa em se submeter aos exames caracteriza infração disciplinar leve e isso será anotado na ficha de Eduardo Cunha na prisão, onde ele está desde outubro do ano passado. Ele revelou, ainda, que não foi a primeira vez que Eduardo Cunha se negou a comprovar que tem o problema. “Ressalto ainda que essa enfermidade foi revelada no dia 21 de dezembro ao corpo médico do Complexo Médico Penal, que solicitou à família e aos advogados que fossem encaminhados os exames e os documentos comprobatórios de tal situação, o que até hoje não aconteceu”, disse. “Então, por duas vezes, já se tentou comprovar a presença desse aneurisma e por duas vezes isso não foi possível”, afirmou. A audiência de terça-feira foi o primeiro interrogatório do peemedebista diante de Moro. Até então, Edduardo Cunha havia adotado o silêncio como estratégia. Oficialmente, ele não deu qualquer sinal à Polícia Federal e Ministério Público Federal de que quer colaborar com as investigações. Mas, logo após ser preso, contratou o criminalista Marlus Arns, de Curitiba, responsável por algumas das delações da Lava Jato. Nesta ação, a segunda em que Eduardo Cunha é réu na Lava Jato, o deputado cassado é acusado de ter recebido em suas contas na Suíça propinas de ao menos R$ 5 milhões referentes à aquisição, pela Petrobrás, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011. O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, cota do PMDB no esquema de corrupção. O Ministério Público Federal sustenta que parte destes recursos foi repassada para Cláudia Cordeiro Cruz, mulher de Eduardo Cunha, também em contas no Exterior – a transação está sendo investigada em outra ação, específica contra a mulher do peemedebista.

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