sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Delatores relatam que Renan Calheiros e Jader Barbalho receberam propina de operador



Os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA) são citados por delatores como alguns dos beneficiários dos repasses de propina feitos pelo operador e lobista Jorge Luz, alvo da Lava Jato nesta quinta-feira (23). Os dois são mencionados por Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, e pelo operador Fernando Baiano, considerado um "pupilo" de Jorge Luz na estatal. Eles teriam dividido US$ 6 milhões, oriundos de um contrato de sondas da Petrobras, em troca do apoio do PMDB à permanência de Cerveró na diretoria Internacional, em 2006. Foi Luz – conhecido como "o operador do PMDB"– quem viabilizou os pagamentos, de acordo com o delator. Para o lobista, a diretoria Internacional era "um bom filão" para arrecadar dinheiro para as campanhas eleitorais do PMDB, segundo relatou Cerveró. O acordo foi articulado durante um jantar na casa de Jader Barbalho em Brasília, em 2006, meses antes da eleição daquele ano. Renan Calheiros estava presente, assim como Jorge Luz. Após o segundo turno, os senadores voltaram a se reunir com Cerveró agradecendo o apoio – e, segundo o delator, dizendo que, "como ele havia feito a sua parte, caberia ao PMDB fazer a sua". "Com esse discurso de agradecimento, teve certeza que o dinheiro havia chegado ao seu destino final", menciona a delação de Cerveró. Além dos dois, também teriam recebido dinheiro o ex-senador petista Delcídio do Amaral, que na época fazia campanha para o governo de Mato Grosso do Sul, e o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau (segundo depoimento de Fernando Baiano). Os fatos que envolvem senadores ou outros políticos com foro privilegiado ficam sob investigação do Supremo Tribunal Federal. Por isso, os parlamentares não foram alvos da operação desta quinta-feira. Jorge Luz, que viajou para Miami em janeiro deste ano e está foragido, era conhecido por seu bom trânsito na Petrobras e já foi tratado por investigadores como "o operador dos operadores". "Ele é muito bem entrosado, muito influente, conhecido de muita gente", relatou o empresário Milton Schahin, em depoimento ao juiz Sergio Moro. "Ele se dizia muito próximo de Renan Calheiros e Jader Barbalho", contou Baiano. O operador se envolveu no pagamento de propina em diversos outros contratos da Petrobras, segundo as investigações, e distribuiu os valores ao "pessoal do PMDB", como afirmou Fernando Baiano. Na venda de uma empresa pela Petrobras na Argentina, por exemplo, Baiano disse que Luz viabilizou o pagamento de pelo menos US$ 600 mil em propina, "operacionalizando os valores para o pessoal do PMDB". O operador disse que nem sempre sabia para quem eram os pagamentos de Luz – mas que o lobista comentava que fazia remessas de dinheiro em Brasília via emissários, que iam buscar os valores em jatinhos fretados ou particulares. 

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