quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Volkswagen deve fechar acordo nos Estados Unidos para pagar US$ 4,3 bilhões por fraude


A Volkswagen anunciou na terça-feira (10) que está perto de alcançar um acordo para o pagamento de US$ 4,3 bilhões em indenização e admissão de culpa pelo processo criminal movido pelo Departamento da Justiça norte-americano pelo escândalo de fraude de emissão de poluentes em veículos da montadora. Conforme o acordo, a empresa ficaria sujeita a uma fiscalização autônoma pelos próximos três anos. A Volkswagen anunciou que o acordo resultaria em obrigações financeiras "superiores às provisões atuais" para custos relacionados ao escândalo. Em outubro, a empresa anunciou ter constituído provisões de mais de 18,2 bilhões de euros para cobertura dessas obrigações. O acordo final está sujeito à aprovação da diretoria executiva e do conselho da Volkswagen. A montadora, que admitiu em setembro de 2015 ter instalado em seus veículos a diesel um software para trapacear em testes de emissões, está ansiosa para resolver as potenciais acusações criminais antes que os atuais comandantes do Departamento da Justiça, indicados políticos do presidente Obama, deixem seus postos, com o final de seu governo. Um acordo criminal nos Estados Unidos seria um marco nos esforços da Volkswagen para pôr fim ao caso, no qual mais de 11 milhões de veículos com motores diesel produzidos por ela foram equipados com software projetado de maneira a esconder em testes oficiais as emissões nocivas de óxido de nitrogênio. Nos Estados Unidos, o país cujas autoridades regulatórias descobriram o escândalo, isso já custou US$ 15,3 bilhões à Volkswagen em um acordo parcial na Justiça civil envolvendo 475 mil carros equipados com motores diesel de 2.000 cc, e mais US$ 1,2 bilhão para resolver um processo coletivo movido contra a montadora por suas concessionárias e ainda mais US$ 1 bilhão para recompra ou reparo de 60 mil veículos equipados com motores diesel de 3.000 cc. "Interessa à Volkswagen e ao Departamento da Justiça resolver o acordo no processo criminal", disse Doug Parker, que comandou a investigação da trapaça da Volkswagen nos testes pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos até se aposentar, em março. "Eles parecem muito determinados a resolver a questão antes da chegada de Trump", disse um antigo promotor público norte-americano. Arndt Ellinghorst, analista na Evercore ISI, disse: "Acreditamos que o acordo tenha por objetivo pôr fim a todos os riscos judiciais relacionados ao caso, nos Estados Unidos. É um grande alívio que a questão não seja arrastada até a nova administração dos Estados Unidos". Sally Yates, secretária-assistente de Justiça dos Estados Unidos, classificou o caso da Volkswagen, em junho passado, como "uma das mais flagrantes violações das leis ambientais e defesa do consumidor na história de nosso país". Mas qualquer que seja o acordo, é improvável que ele elimine a questão da responsabilidade judicial de importantes executivos da empresa, na Alemanha e nos Estados Unidos, disseram um funcionário do Departamento da Justiça e uma segunda pessoa familiarizada com o caso. Questões delineadas em uma queixa criminal divulgada na segunda-feira e relacionada a Oliver Schmidt, antigo diretor de questões de fiscalização da Volkswagen nos Estados Unidos, sugerem que outros executivos importantes podem ser indiciados. A queixa afirma que depois de serem informados em julho de 2015 sobre o software usado nos carros diesel da Volkswagen para trapacear em testes oficiais de emissões, os "gestores executivos" na sede da empresa em Wolfsburg ordenaram que seus subordinados continuassem a esconder a prática das autoridades norte-americanas. A Volkswagen só admitiu o uso do software para trapacear em testes com seus carros em setembro de 2015. Os promotores dos Estados Unidos ganharam mais força nas negociações quanto a um acordo devido à cooperação da parte de diversos funcionários da Volkswagen pessoalmente envolvidos no esquema para trapacear nos testes. Desde 2015, investigadores norte-americanos vêm se reunindo clandestinamente fora do país com funcionários da Volkswagen que se opunham ao uso dos dispositivos manipuladores, disse uma pessoa informada sobre a investigação. Klaus Ziehe, promotor público no Estado alemão de Braunschweig, perto da sede da Volkswagen em Wolfsburg, disse que o trabalho das autoridades norte-americanas não influencia as investigações de seu departamento sobre o escândalo. "Elas vão demorar semanas e meses", ele disse. As autoridades alemãs ainda não detiveram qualquer suspeito.

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