segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Premiê da Itália renuncia após derrota em referendo



Matteo Renzi, premiê da Itália, renunciou no domingo (4) após a derrota do referendo que havia convocado. "A experiência do meu governo termina aqui", afirmou.  Eleitores rejeitaram a sua proposta de reformar a Constituição. Não há ainda um resultado definitivo até aqui, mas a contagem nas urnas aponta que mais de 60% dos eleitores votaram pelo "não". Em um emotivo discurso à 0h30 local (21h30 em Brasília), Renzi assumiu a responsabilidade pela derrota e afirmou não crer em um modelo "em que todos criticam o sistema por décadas e então não querem mudá-lo". A derrota do premiê italiano é uma derrota também para a União Europeia, favorecendo movimentos populistas como o Cinco Estrelas, antissistema, e o Liga Norte, partido contrário à migração. Matteo Salvini, o líder da Liga Norte, comemorou a vitória do "não" com uma mensagem na rede social Twitter: "Viva Trump e viva Putin". Marine Le Pen, da extrema direita francesa, também celebrou o "não". O premiê italiano havia proposto e defendido a reforma na Constituição, a maior mudança no texto desde a Segunda Guerra (1939-1945). Com sua ameaça de renunciar no caso de o referendo não ser aprovado, o voto passou a ser visto como uma maneira de punir o governo. O grau da derrota indica a dimensão da insatisfação. Renzi assumiu o cargo em 2014 como uma promessa política. Mas sua popularidade está em queda devido à persistência dos entraves econômicos, apesar das promessas do governo. O PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer 0,8% durante este ano. A crise italiana está relacionada ao restante do continente europeu, onde movimentos contrários ao "establishment" político têm se fortalecido. Um candidato da extrema-direita chegou próximo à Presidência da Áustria neste domingo (4). O referendo italiano não estava diretamente vinculado à União Europeia. Mas analistas apontam que a vitória do "não" poderia desencadear uma crise política que culminaria em sua saída do bloco, como a votada em junho no Reino Unido. A União Europeia e sua moeda comum, o euro, são considerados por parte da população italiana como a causa da estagnação econômica e da crise política.

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