segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Sarkozy é eliminado da corrida à presidência francesa


O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou neste domingo a sua retirada da vida política depois de admitir sua derrota no primeiro turno das primárias da direita, vencido por seu ex-premiê François Fillon, o melhor colocado na corrida à presidência de 2017. "Eu defendi as minhas convicções, com ardor, com paixão (...) eu não consegui convencer", declarou o ex-chefe de Estado (2007-2012), reconhecendo a sua derrota. Contra toda expectativa, Nicolas Sarkozy, de 61 anos, saiu da disputa por uma vaga para a eleição presidencial com apenas 21% dos votos, segundo resultados quase definitivos, muito atrás do seu ex-colaborador François Fillon, que recebeu 44,1% dos votos. O ex-presidente também perdeu para o seu rival histórico, o prefeito de Bordeaux (sudoeste) e ex-primeiro-ministro de Jacques Chirac Alain Juppé, que com 28,1% dos votos terá dificuldades para conquistar a vaga no segundo turno das primárias no próximo domingo. Entre 3,9 e 4,3 milhões de pessoas votaram para decidir entre os sete candidatos, de acordo com uma projeção feita após o encerramento da votação. Esta participação expressiva se explica pela importância da votação: o candidato da direita tem boas chances de ser eleito presidente em cinco meses, no segundo turno contra a candidata da extrema-direita Marine Le Pen. Dada a sua impopularidade e divisões, a esquerda no poder corre o risco de ser eliminada no primeiro turno da eleição presidencial de abril de 2017. François Fillon, que por muito tempo desempenhou um papel de coadjuvante, comemorou neste domingo "uma onda", "uma dinâmica poderosa que teve início". "Minha campanha vai se acelerar ainda mais, vai se amplificar", afirmou, com "um pensamento particular" a Nicolas Sarkozy, que imediatamente anunciou o seu apoio a ele no segundo turno. Três debates televisivos entre todos os sete candidatos - seis homens e uma mulher - permitiram que Francois Fillon tivesse uma ascensão meteórica nas pesquisas nos últimos dias, que acabou por se confirmar neste domingo. Católico, pai de cinco filhos, Fillon tem um projeto muito liberal no plano econômico e conservador em questões sociais. Propõe uma cura radical para o país: a eliminação de meio milhão de empregos no funcionalismo público, um retorno da carga horária de trabalho de 39 horas semanais, entre outras medidas. Casado com uma galesa, este conservador que reivindica sua fé católica também prometeu alterar a lei que atualmente autoriza o casamento aos homossexuais e quer reduzir a imigração "a um mínimo". Face a ele, Alain Juppé, de 71 anos, que era dado como favorito das primárias da direita, adota uma linha ponderada, rejeitando correr atrás da Frente Nacional (FN) de Marine Le Pen. Por outro lado, o ex-presidente Nicolas Sarkozy, derrotado em 2012 pelo socialista François Hollande, optou por uma guinada à direita. Apresentando-se como o "defensor da maioria silenciosa", centrou seu discurso na autoridade, segurança, identidade, Islã. Este tom lhe valeu um forte apoio nas fileiras dos Republicanos (41% dos simpatizantes do partido segundo uma pesquisa recente), mas suas declarações sobre os "ancestrais gauleses" dos franceses e "a tirania das minorias" afastaram os simpatizantes da direita moderada e do centro. Reconhecendo sua derrota, apelou aos seus apoiantes para "nunca tomar o caminho dos extremos", em alusão ao partido de extrema-direita Frente Nacional. "É hora de eu encarar a vida com mais paixão privada e menos paixão pública", declarou em um breve discurso, levando em conta "o desejo dos eleitores de escolher outros líderes políticos para o futuro". "Este primeiro turno foi uma surpresa, no próximo domingo será, se vocês quiserem, se eu quiser, outra surpresa", lançou, por sua vez, Juppé. Combativo, ele fez um apelo em favor da união "para virar a página de um período desastroso de cinco anos que arruinou o nosso país e para bloquear a FN que nos levaria para uma aventura ainda pior". Os socialistas devem, por sua vez, organizar as suas primárias em janeiro. O presidente François Hollande, que toca as profundezas da impopularidade, deve tomar a sua decisão no início de dezembro de acordo com a sua comitiva.

Nenhum comentário: