quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Diretora da H.Stern diz que Sérgio Cabral pagava jóias em dinheiro vivo


A diretora comercial da joalheria H.Stern, Maria Luiza Trotta, afirmou em depoimento à Polícia Federal que levava jóias, anéis de brilhante e pedras preciosas na residência do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para que ele e sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo, fizessem uma “seleção” das peças a serem escolhidas. Segundo Maria Luiza, os pagamentos eram feitos em dinheiro vivo. Em seu depoimento à Polícia Federal, ela disse que “chegou a vender jóias no valor de até 100.000 reais a Sérgio Cabral, tais como anéis de brilhante ou outros tipos de pedras preciosas, sendo o pagamento ainda que em tais quantias realizado em dinheiro”; A diretora declarou trabalhar na H.Stern há 34 anos. De acordo com ela, o dinheiro em espécie era levado a uma loja da joalheria, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, por Carlos Miranda – apontado pela Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato, como o “homem da mala” de Sérgio Cabral. A testemunha revelou à Polícia Federal que passou a atender “pessoalmente” o peemedebista quando ele ainda estava no comando do Governo do Rio de Janeiro, em 2013. Cabral foi governador em dois mandatos, entre 2007 e 2014. “Os atendimentos feitos pela declarante a Sérgio Cabral sempre foram feitos no interior da residência deste; que, os atendimentos eram agendados com a declarante por Carlos Miranda ou algum outro/a secretário/a de Sérgio Cabral; que, a declarante então, nesses encontros na casa de Sérgio Cabral levava joias de amostragem, as quais eram selecionadas ou não pelo próprio Sérgio Cabral ou por sua esposa”, diz o depoimento da diretora. Segundo Maria Luiza, o ex-assessor de Sérgio Cabral “ou outros portadores não identificados do dinheiro em espécie eram dirigidos à tesouraria”. A diretora não soube informar sobre a emissão de notas fiscais. “Todas as joias tinham certificados que eram entregues a Sérgio Cabral e/ou esposa, sendo certo que a empresa não guarda cópia de tais certificados por questão de confidencialidade”, declarou. O depoimento foi prestado em 17 de novembro, dia da deflagração da Operação Calicute, que prendeu Sérgio Cabral preventivamente. O ex-governador está em Bangu 8, na zona Oeste do Rio de Janeiro. A Polícia Federal exigiu da diretora comercial, no prazo de 24 horas, “todas as cópias de notas ficais de venda realizadas entre H. Stern e Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo”. A diretora informou que Carlos Bezerra, a quem a Polícia Federal atribui o papel de operador de propinas de Sérgio Cabral, pode ter atuado “como portador de valores de pagamentos de joias compradas pelo ex-governador”. Em depoimento à Polícia Federal, no dia em que foi preso, Cabral declarou que “não se recorda” das compras das joias. O peemedebista se disse também “indignado” com as “mentiras” dos delatores que afirmaram ter pago propinas a ele e seus aliados referentes às grandes obras do governo do Rio de Janeiro.

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