segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Petrobras estuda criar empresas para vender participação em refinarias



A Petrobras vai incluir ativos de logística de petróleo e combustíveis no processo de venda de participações em refinarias, que deve ser iniciado no ano que vem. O objetivo é permitir que os novos sócios maior flexibilidade com relação à suas operações, sem depender da estatal. A informação foi dada nesta segunda-feira (24) pelo diretor de refino e gás da Petrobras, Jorge Celestino, em palestra na feira Rio Oil & Gas. Segundo ele, a idéia é criar empresas que controlem refinarias e a infraestrutura logística dedicada às unidades e vender fatias a empresas privadas. Ativos de logística são terminais de importação e exportação no litoral e os dutos que os conectam às refinarias. Por exemplo, as refinarias de São Paulo são abastecidas pelo terminal de São Sebastião, no litoral norte, por onde a Petrobras descarrega o petróleo e carrega os derivados para exportação. Celestino não quis adiantar se as novas empresas terão apenas uma ou mais refinarias. Segundo ele, o modelo será apresentado ao conselho de administração da estatal até o final do ano. "É um modelo que dá ao investidor gestão sobre as suas margens", explicou o executivo. Isso é, o sócio poderá decidir sobre o fornecimento do petróleo e o destino dos derivados produzidos. Ele argumenta que a proposta evita repetir o modelo usado na Refinaria Alberto Pasqualini, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, a espanhola Repsol/YPF comprou 30% da empresa, mas não tinha instalações para trazer o próprio petróleo ao mercado interno. Dez anos após a aquisição, o negócio foi desfeito diante dos recorrentes prejuízos da refinaria com a venda de combustíveis abaixo dos preços internacionais. A busca por sócios em refinarias é uma novidade do plano de negócios da Petrobras divulgado em setembro, que prevê a arrecadação de US$ 19,5 bilhões em vendas de ativos durante 2017 e 2018. O plano anterior falava em US$ 15,1 bilhão entre 2015 e 2016 e não incluía ativos de refino. Celestino disse que o objetivo é gerar recursos para a estatal, protegendo o valor dos ativos e suas atividades de exploração e produção, que fornecem o petróleo às refinarias. Por isso, mesmo com a venda de ativos, a empresa pretende manter participação em todas as etapas da cadeia do petróleo. "Quem tem operação integrada tira o maior valor das operações", afirmou. A Petrobras não pretende, porém, construir novas refinarias, pelo menos até 2021, focando os investimentos do segmento na manutenção das unidades existentes. "Para o país, talvez não seja a melhor solução. Mas é a melhor solução para a Petrobras", comentou Celestino, dizendo que a empresa busca sócios neste segmento porque "não pode um país ter uma empresa com 100% do mercado". A decisão preocupa a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), que prevê um deficit na importação de derivados de 1,1 milhão de barris por dia em 2030 –  em 2015, foram 401 mil barris. Um estudo elaborado pela agência alerta para a necessidade de construção de uma nova unidade. De acordo com o diretor da ANP Aurélio Amaral, a melhor localização é o Maranhão, pela proximidade com os mercados consumidores do centro-oeste. "Precisamos de investimentos, caso contrário teremos dificuldades para suprir o mercado", alertou Amaral. "Não sabemos o que vai acontecer no Oriente Médio. Se estoura uma guerra lá, como vamos fazer?", disse. Ele afirmou, porém, que uma política clara de preços dos combustíveis é essencial para que outras empresas entrem no mercado brasileiro de refino. Se não houver investimentos em refinarias, disse o diretor da ANP, o Brasil demandará expansão da capacidade de importação de combustíveis.

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